Temos uma vida que nos foi entregue para fazer dela o melhor uso possível e tenho compreendido que para fazer isso preciso aprender a olhar para dentro, para o que eu trago no meu interno.
Desde que o mundo é mundo os seres têm vivido com os olhos voltados para fora. Vivem, salvo raras exceções, fora de suas mentes e muitas vezes dentro de outras mentes. Ignoram que estão vivendo uma vida inconsciente, achando que não precisam mudar, pois têm tudo à sua disposição e está tão bom assim! E, desta forma, vão vivendo…
A vida diária está limitada a um círculo, obedecendo a uma lei cíclica. As mudanças são aparentes por serem realizadas dentro desse círculo e todas voltam sempre ao estado anterior.
Tudo isso leva o ser a vagar por essa vida inconscientemente, sem fazer dela o melhor dos usos, sem se colocar, sem se preocupar em evoluir como ser humano, sem pensar em ser melhor como indivíduo e na convivência com os seus semelhantes.
Entramos neste planeta pelo concurso das leis biológicas, que determinam o ato genésico, nosso primeiro nascimento. Embora tenhamos duas naturezas, uma física e outra espiritual, dedicamos nossa vida, de modo geral, à natureza física. A ela nos dedicamos, quase que exclusivamente e a esse físico nos agarramos e, para não perdê-lo, cuidamos dele, nos dedicamos a ele, sofremos por ele, perdemos horas de sono por ele e todo esse esforço é voltado para o externo, para o comum viver, inconscientemente, ignorando que dentro de nós existem recursos para conduzir essa vida para um fim superior.
Quando nos damos conta de que não estamos valorizando nem aproveitando como devíamos os recursos que estão dentro de nós mesmos, saímos em busca de algo maior, de algo que nos ensine como aplacar nossas inquietudes, que nos mostre onde estamos e onde podemos chegar e nos ajude a descobrir como substituir o que somos por um novo ser.
Ao encontrarmos uma ciência como a Logosofia, criada pelo pensador humanista Gonzalez Pecotche, e seguirmos o seu método para realizar um processo de evolução consciente, voltamos os olhos para dentro e passamos a usufruir, em vida, de um dos privilégios
da raça humana, que é um segundo nascimento através do despertar da consciência, a qual é ativada e enriquecida pelos conhecimentos transcendentes que a inteligência nela deposita.
Gonzalez Pecothe nos ensina que o homem é o único ser da Criação capaz de experimentar mudanças por própria determinação em virtude desse substrato maravilhoso denominado consciência, onde se verifica a evolução do espírito e onde este se potencializa.
Passamos a dirigir a nossa atenção, então, para os nossos movimentos, principalmente para aqueles que ocorrem em nossa mente, para aqueles nos quais percebemos e sentimos a manifestação do nosso ser interno.
A essência eterna de nosso espírito é o que deve nos mover no sentido de adaptar nossa vida física, comum, ao que transcende esse comum, ao eterno. Voltando o nosso olhar para dentro observamos que, em cada coisa que a vida nos mostra, podemos extrair algo que nos conduza a essa sensação duradoura que cada uma contém.
O poder do ensinamento logosófico faz renascer um novo ser e ao realizar nosso processo de evolução consciente, saímos do círculo vicioso e ascendemos em uma espiral que nos conduz a planos superiores de superação.
No livro Introdução ao Conhecimento Logosófico, González Pecotche nos ensina o que se deve fazer para ter a oportunidade de renascer na própria vida:
É imprescindível, portanto, desenraizar, uma a uma, as aderências da vida comum; e note-se que disse “aderências”, apontando com isso a tudo que não é necessário para a existência digna. Devem renascer, no mais profundo do indivíduo, as ânsias da vida, mas não da vida em suas meras manifestações materiais, senão da verdadeira, a que enlaça toda a existência, a que promove as sensações mais sublimes na alma humana, a que permite desfrutar das maravilhas da Criação, pela inteligência compreensível de todos seus movimentos, que não devem passar inadvertidos à penetração individual.