Comportamento

Recordar para aprender a viver

maio de 2025 - 3 min de leitura
Comportamento

Recordar para aprender a viver

maio de 2025 - 3 min de leitura

A Logosofia trouxe-me um novo olhar sobre o que é recordar, para que recordar e o que recordar. Na realidade, trouxe-me um novo e interessante conceito sobre recordação.

Ela ensina, por exemplo, a recordar a criança que fui e a minha infância; mas o que realmente eu devo recordar dessa fase de inconsciência da minha vida? Minhas brincadeiras com irmãos e amigos? Minhas peraltices? Minha timidez? O carinho dos meus pais ou as chamadas de atenção? Muitos desses aspectos são presenças constantes em nossa recordação, estão gravados em nossa consciência.

Sem dúvida, a infância é uma das fases mais lindas e que “nos proporcionou os melhores dias da existência e a quem, poderíamos dizer, devemos grande parte do que agora somos.” Eu gosto de acalentar tais momentos em minha mente, mas que objetivos podem cumprir para a construção do novo ser que estou procurando criar dentro de mim? O que preciso ter em conta nas manifestações daquela criança para que eu possa superar-me como ser humano em meu dia a dia de adulta? O que a criança que fui poderá ensinar sobre mim mesma e as virtudes ou defeitos que hoje observo possuir?

As recordações dessa época fazem-me desfrutar de gratas sensações; é como se eu voltasse no tempo para viver novamente aqueles momentos sublimes, e a gratidão por aquele ser — por eu mesma, por aquela minha primeira vida neste mundo — faz-se presente. Compreendo que sou a continuidade daquele ser que devo recordar para não perder esse fio tão sensível. Esta criança inspira-me a pensar sobre muitas coisas que normalmente eu não pensaria.

As minhas condições internas, na minha infância, ensinam-me que eu posso, hoje, como adulta, ter um pouco mais de sensibilidade em meu mundo interno. O sorriso afável, a docilidade e a afabilidade, sempre presentes quando as mãozinhas pequenas fazem carinhos que desfrutamos com tanto prazer, são exemplos dessa parte sensível tão atuante. Dizer eu te amo mamãe, papai, irmãozinho, com tanta naturalidade, tanto carinho, tanto amor verdadeiro, também é outro sinal disso. Ações que tornam a convivência com a criança tão serena, tão tranquila, tão fácil.

A criança que eu fui ensina que preciso cultivar determinadas virtudes que me tornam mais sensível e, em consequência, fazem de mim uma pessoa de trato mais agradável, simpático e, com certeza, mais feliz. Ensina-me também a reconhecer o quanto meus pais cuidaram de mim e amaram-me, encaminhando-me para que eu me pudesse tornar uma pessoa responsável, honesta e tudo o mais, e o quanto os meus irmãos foram elementos importantes para que eu aprendesse a comportar-me em sociedade.

A recordação dessa criança desperta em mim o sentimento de gratidão a todo o vivido e por todas as pessoas que participaram dessa fase tão significativa. Foi o início das minhas demais vidas: adolescência, juventude e idade adulta. Recordar todas essas fases, todos esses seres, fazem-me ter um pouco mais de consciência da trajetória, da linha da minha existência.

“Quanto suaviza os duros transes da vida a evocação dessa terna idade, sobretudo quando devemos cruzar caminhos eivados de perigos!” Sinto que as crianças ainda tão pequenas estão mais perto do Criador do que nós, adultos, seres cheios de defeitos, de crenças, de preconceitos que nos distanciam daquele que, sendo nosso Pai, quer o melhor para nós.

Estou recordando minha querida infância e nela vejo o amor com que Deus criou o ser humano, dando-nos o livre arbítrio para que, ao conhecermo-nos internamente, chegarmos a conhecer a grandeza de toda a sua Criação. Recordar é viver. É ter consciência do que eu sou e do que é importante para que eu possa ser realmente feliz.


Um pensamento de

 Rosângela Terra Vieira
Rosângela, é de Belo Horizonte, MG e estudou Bioquímica na UFMG. Casada, mãe de dois filhos. Estuda e é docente da Fundação Logosófica desde 1978

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