Momentos antes de me deitar, estava refletindo sobre a importância que têm os sonhos, as imagens e as recordações de fatos, pensamentos, sentimentos e sensações que aconteceram na minha vida. Na manhã seguinte, passei da reflexão a uma meditação de fatos vividos, inspirados no sonho que tive.
Essa vivência chamou minha atenção para a importância de tornar mais frequentes essas meditações que, ao serem recordadas, me fazem sentir novamente as mesmas sensações, vibrações, emoções e alegrias, portanto, revivendo aqueles momentos que estão guardados na minha consciência.
Não é difícil recordar a alegria daquele menino que ganhou de presente de seu tio uma manivela que ele mesmo fabricara, para enrolar de volta a linha que mantinha no ar a pipa colorida que o menino tinha feito com alegria e muito capricho. É uma recordação envolvida em uma profunda gratidão a esse tio que, com muito amor, deixou o menino muito feliz por muito, muito tempo.
O menino foi crescendo e na sua adolescência, muitos fatos marcaram sua vida. Recordo-me de um fato que ele viveu durante uma solenidade do dia 7 de setembro quando o colégio em que estudava, se preparava para desfilar na rua. E para esse desfile, o adolescente foi convidado a fazer parte de uma banda de flautas. A recordação desse fato ganha um intenso brilho quando os olhos do menino se encontram com os de sua mãe que, transbordava de felicidades por ver seu querido filho participando daquele desfile. Que emoção, que alegria, a felicidade é tanta que dá até vontade de chorar! Uma imagem que jamais se apagará.
Recordo do meu casamento e de tudo que me propus a realizar e que tem me influenciado e me motivado. Minha vida se ampliou e eu cresci como ser humano e cresceu, também, a minha responsabilidade. Mas, o que ficou gravado no meu coração foi a força gerada pelos pensamentos e sentimentos de cada um dos que estavam presentes na cerimônia, o que fez com que o ambiente transbordasse de intensa alegria. Tenho certeza de que, durante aqueles momentos, havia um verdadeiro vínculo espiritual unindo a todos. Recordo-me de cada detalhe, de cada manifestação simpática cheia de entusiasmo, de cada sorriso, de cada abraço, enfim de todos os fatos que considero colaboradores da minha felicidade.
Hoje, me faço valer dessas recordações, unindo-as a outras que vivi, para aumentar o valor de minha vida, pela saudade que sinto de cada um desses momentos que me são úteis e que estão no meu arquivo mental, à minha disposição.
Recordo, com frequência, de quando comecei meu processo de evolução consciente e da alegria de estar sendo recebido como um estudante de Logosofia, ciência que me ensina a usar a faculdade de recordar os fatos que vivi e que são úteis à minha superação. Sem o conhecimento logosófico eu não estaria preparado para recordar e reviver tantos momentos.
González Pecotche, criador da ciência logosófica ensina que a recordação deve ser permanente e sobretudo harmônica, uma vez que, recordar é viver, é unir os tempos e é reproduzir as imagens mentais para vivê-las novamente. E ensina mais, que recordar o bem recebido é tornar-se merecedor de tudo que amanhã nos possa ser oferecido.
Tenho mantido o meu propósito de recordar sempre as horas em que estou feliz, aquelas em que vivo com minha consciência presente, aquelas para as quais me preparei para viver, sabendo o porquê e qual a projeção futura daquele momento em que meu espírito teria total liberdade para agir. Estou praticando exatamente isso que estou dizendo, pois, são recordações que têm me valido para enfrentar os momentos de luta, me enchendo de força, confiança e serenidade.
Que nada seja feito pensando que não há objetivo, porque amanhã deixaremos este mundo. Pelo contrário, devemos recordar que, quando viemos a ele, encontramos muitas coisas feitas; quem as fez? Simplesmente, os que nos precederam em sua passagem por estes caminhos.
González Pecotche