Arquiteta em formação, jovem no auge dos seus 20 anos de idade, no início da vida universitária, com amigos por perto e um futuro de possibilidades aberto à minha frente.
Como a sensação de vazio dominou minha mente mesmo diante de tantas atividades, compromissos e novidades? Como pode uma jovem estar ainda inquieta e insatisfeita, mesmo diante de tantas possibilidades? Não seriam estes os anos áureos de todos os indivíduos?
Aquele que a viveu, sabe dos desafios intrínsecos à juventude, e aquele que ainda a vivencia experimenta que os múltiplos obstáculos a serem vencidos muitas vezes tiram nossa serenidade. Mas como ter domínio sobre isso? Será que há algo possível de ser realizado para alterar essa condição?
Apesar de ainda estar vivenciando a minha juventude, irei contar um momento de minha vida como jovem e algumas dessas lutas experimentadas.
Nascida na região serrana do Rio de Janeiro, mudei-me para a cidade de São Paulo, aos vinte anos, para iniciar minha graduação. Distante da família e dos amigos com quem cresci, estar em uma cidade grande foi sempre um desafio. Porém, a universidade tem algo de muito encantador e estimulante. Meu ingresso na vida acadêmica foi acompanhado de muitas atividades: esportes universitários, atividades de extensão, projetos diversos… Todas essas tarefas preenchiam minha agenda, permitindo com que eu me envolvesse nesse novo universo e permanecesse com a mente sempre ocupada por esses assuntos.
Todavia, apesar de ter sido algo muito importante e especial viver por inteiro esses momentos, comecei a perceber que alguma coisa estava faltando. Mesmo com o dia a dia repleto de compromissos, reuniões e responsabilidades, havia uma sensação de vazio que engrandecia dentro de mim. Comecei então a questionar-me: qual nova atividade eu deveria iniciar? Será que era um novo esporte? Talvez procurar um novo lugar para morar ou, então, será que eu deveria mudar o círculo de pessoas com quem convivia? Cada nova possibilidade que surgia parecia ser a resposta para que eu alcançasse a felicidade máxima e para que eu me sentisse verdadeiramente preenchida. Havia em mim uma sensação muito forte de que a felicidade, a serenidade e a segurança estariam sempre no próximo passo e nas atividades materiais do dia a dia e, à medida que aquele passo era dado, a felicidade, serenidade e segurança deslocavam para o próximo, e o próximo…
Foi ao iniciar meus estudos de Logosofia que pude entrar em contato com um novo conhecimento que me permitiu algumas reflexões. Seria possível preencher aquele vazio dentro de mim com questões e atividades próprias do mundo externo e material? Tais estudos permitiram com que eu começasse a conceber minha vida de maneira consciente em relação ao que eu sinto e penso, conduzindo-a sempre de dentro para fora. Pude comprovar que atribuir ao mundo externo a responsabilidade de me trazer felicidade e realização gera essa inquietude, uma vez que estas pertencem ao meu interno. Por esse motivo, viver as atividades universitárias e juvenis, apesar de sempre especial e importante, não me trará a verdadeira felicidade — aquela que perdura e se eterniza dentro de mim —, por possuírem um caráter superficial.
À medida que comecei a experimentar e comprovar que o bem-estar que sinto diante da rotina cheia do meu dia a dia é limitado, pude perceber que, quando me proponho a fazer escolhas com base em conhecimentos e reflexões conscientes, e que se conectam com meu verdadeiro ser, consigo dar conta da vida física, da faculdade, dos coletivos, dos times — mas sem a sensação de vazio. Pois estou dando a devida atenção ao mundo existente dentro de mim: meus pensamentos e sentimentos, aqueles que constituem meu verdadeiro ser, o ser que almeja ser melhor todos os dias!
E você, já sentiu uma sensação de vazio, permanecendo em busca de algo que não sabe nomear? Temos dado a atenção necessária ao mundo interno, aos pensamentos e sentimentos que se fazem presentes dentro de cada um? Um livro que me inspira muito a refletir sobre este assunto e buscar respostas para essas inquietudes é o Bases para sua conduta, por isso convido vocês a entrarem em contato com essa bibliografia.