O que ganho conhecendo mais a mim mesma? Qual o grande benefício de me aperfeiçoar e de me tornar um ser humano melhor? Venho compreendendo que uma das mais belas oportunidades que temos para nos aperfeiçoarmos é a convivência humana. Uma das mais belas e também uma das mais difíceis! É por meio da convivência com o outro que identifico gradualmente as debilidades que preciso superar em meu comportamento e, num processo de constante aperfeiçoamento, vou buscando combatê-las e substituí-las por virtudes que me possibilitem viver de forma mais acertada, harmônica e feliz. 

 

O autor da Logosofia ensina-nos que:

“é na mente onde reside o mal que o homem faz a si mesmo e a seus semelhantes”

Portanto, é necessário combater esse mal que promove todos os erros e enganos humanos. Este é um grande propósito que deve nortear a vida de todos nós: eliminar o mal que há dentro de si — as deficiências psicológicas. Contra o mal há de se empregar todo o esforço e de se consagrar ao bem: primeiro, cultivando-o e experimentando-o dentro de si mesmo, reparando assim, a própria conduta, e depois, transpondo-o em obras que tendam ao bem e que favoreçam o desenvolvimento de uma melhor convivência. 

 

Procuro buscar as causas de tudo o que acontece em minha vida, dentro de mim mesma. Frente às diversas situações, pergunto-me: o que me levou a agir dessa maneira? E, nesse aspecto, o conhecimento dos pensamentos negativos, das deficiências psicológicas, é muito importante porque agora já sei que tudo o que ocorre em minha vida tem origem em um pensamento — especialmente os problemas. 

 

Certa vez, já faz alguns anos, eu estava em casa, e, pouco tempo depois de ter iniciado uma atividade de trabalho, meu filho interrompeu-me e chamou-me para verificar o seu dever de casa. Esse momento costumava ser uma hora tensa e cheia de conflitos e eu já vinha repetindo episódios de intolerância e até de brusquidão com meu filho. Ao atender o seu chamado nesse dia, surgiram na minha mente pensamentos de impaciência, irritabilidade e rigidez, e fui até ele com grande má vontade. 

 

Enquanto olhava seus cadernos, derrubei um copo de água que estava em cima da mesa. Diante daquele cenário — uma mesa toda molhada –- propício a uma reação negativa minha, meu filho já me olhou com um ar assustado e preventivo. No entanto, eu estava há dias com o propósito de melhorar minhas atuações nesse momento tão delicado, procurando ser mais paciente, tolerante e suave. Como eu estava atenta, consegui conter o pensamento da irritabilidade e pensei que eu é que havia derrubado o copo — fruto da minha própria impaciência e má vontade. 

 

E, ao conter o pensamento, ao conseguir olhar para dentro de mim e perceber que a causa de todo o problema tinha sido gerada por mim, tive a possibilidade de corrigir a causa e fazer com que minha atuação fosse diferente; daquela vez, escolhendo como queria agir — ou seja, com paciência e temperança. Olhei em seus olhinhos com ternura e, com delicadeza, levantei-me da mesa para buscar um pano. 

 

Mesa arrumada e dever de casa conferido com boa vontade, afeto e simpatia, tivemos um final de manhã sereno e feliz. Saber que posso ser melhor do que sou é motivo de muita alegria! Saber que posso escolher como quero dirigir minhas atuações e, dessa forma, atuar com mais acerto, favorece a minha convivência comigo mesma e também com os demais. 

 

Venho aprendendo que sou capaz de encontrar soluções mais inteligentes para as adversidades que enfrento, e de encaminhar as situações que a vida me apresenta, utilizando os maravilhosos recursos que possuo — como as faculdades da inteligência, por exemplo. E que, conhecendo meu mundo interno e a realidade dos pensamentos que habitam a minha mente, sou capaz de combater, e até mesmo eliminar, os pensamentos que não atendem aos meus propósitos de superação. Dessa forma, tenho desfrutado de uma convivência mais harmoniosa e feliz na minha vida.