A soma de todos os erros humanos é o que faz existir tanto mal no mundo. E isto, como é lógico, leva a refletir que, se no mundo inteiro houvesse consciência desta verdade e todos se propusessem a conduzir-se de acordo com uma conduta superior, tratando de cometer o menor número possível de erros, a humanidade poderia entrar numa etapa de desenvolvimento evolutivo muito mais feliz que as anteriores.

Este seria, também, o único meio de se alcançar a paz, visto que se a realização de uma conduta superior se estendesse pelo mundo como uma necessidade imperiosa, imprescindível, o futuro por viver não seria afetado. Porque, na realidade, todos os erros em que se incorre afetam o futuro, do mesmo modo que os erros de ontem, ou seja, os que precederam à atual etapa da vida, afetam o presente.

A indiferença para com os erros, tanto os que se vêm cometendo como os passados, é o que semeia muitas desventuras para o futuro. E isso acontece tanto no âmbito individual como no coletivo.

Todo erro em que se incorre terá inevitavelmente sua repercussão, pela qual sempre se terá que esperar, porque, cedo ou tarde, a lei exigirá uma reparação. Corrigir o erro é, pois, evitar sua consequência.

Controlar os movimentos, tratando de produzir acertos em vez de erros, é semear o bem futuro, bem que será tanto para si como para o semelhante

Existem verdades tornadas conhecimentos que, assim como as chaves, tanto viram para um lado como para o outro. Quando giram para a direita, abrem as portas do entendimento; quando giram para a esquerda, as fecham; tudo depende de como se queira usá-las. Se conservar essas chaves é um bem, é igualmente certo ser um mal perdê-las ou fazer delas mau uso.

Cada um buscará na história de sua própria vida os males que sofreu ou precisou sofrer, e analisará se estes são o resultado de seus próprios erros ou dos erros dos que o precederam. Ao fazer isso, buscará também a forma de diminuir os efeitos dessas consequências, produzindo, como dissemos antes, acertos em vez de erros. Se este trabalho fosse efetuado por todos no mundo inteiro, não passaria muito tempo antes que se notasse um enorme alívio na humanidade, pois o peso opressor que representa tanto mal acumulado teria diminuído consideravelmente.

Deve-se ter muito presente que os erros se manifestam não somente nos fatos, mas também na palavra e no pensamento. Um pensamento equivocado pode fazer incorrer em erro se não é descoberto a tempo e neutralizado ou anulado antes de ganhar corpo e aparecer em um dos tantos atos que se realizam na vida.

Tudo o que venho dizendo deve levá-los a refletir que o erro é humano; e sendo humano, humana deve ser também a tolerância. E sendo humana a tolerância, é igualmente humano e razoável que os seres se ajudem mutuamente, se não a corrigir seus erros, pelo menos a evitá-los, visto que todo erro que se consegue evitar é um mal que se afasta do futuro.

Extraído de Introdução ao Conhecimento Logosófico, p.248-249

Introdução ao Conhecimento Logosófico

Introdução ao Conhecimento Logosófico

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Carlos Bernardo González Pecotche, também conhecido pelo pseudônimo Raumsol, foi um pensador e humanista argentino, criador da Fundação Logosófica e da Logosofia, ciência por ela difundida. Nasceu em Buenos Aires, em 11 de agosto de 1901 e faleceu em 4 de abril de 1963. Autor de uma vasta bibliografia, pronunciou também inúmeras conferências e aulas. Demonstra sua técnica pedagógica excepcional por meio do método original da Logosofia, que ensina a desvendar os grandes enigmas da vida humana e universal. O legado de sua obra abre o caminho para uma nova cultura e o advento de uma nova civilização que ele denominou “civilização do espírito”.