Desde criança ouvi dizer: “O Luiz é nervoso!” Vários familiares e amigos faziam desse conceito uma verdade que promovia grande incômodo para a minha vida. O verbo “é” significava algo terrível para mim.
— Será que nunca vou mudar? Esse é meu destino: ser visto como uma pessoa sempre nervosa?
Ao mesmo tempo, ouvia a respeito de um dos meus cinco irmãos o conceito: “Esse é o pai e a mãe da paciência!” Eu pensava: “se ele é assim, eu também posso ser.” Mas, na primeira contrariedade que sofria, por menor que fosse, lá estava presente “o Luiz é nervoso”!
Novamente, sentia-me como se houvesse perdido mais uma luta. Lembro-me de que, num pequeno desentendimento com um colega de sala, no curso primário, fui parar na sala da diretora que eu tanto admirava, como sendo o provocador da briga. Por nada, eu o agredi fisicamente. Fiquei marcado por aquela atitude. Senti-me derrotado.
Tornei-me um adulto de difícil relacionamento — não o posso negar. O pensamento que eu mantinha firme na mente era o de que o mundo estava errado, as pessoas estavam erradas. Quanta incompreensão!
Por que eu não percebia que todos poderiam estar certos e eu é que deveria mudar meu comportamento?
Relatar quantos dissabores advindos dessa forma de enxergar a vida não é tarefa fácil. Perdi a conta! Mas, quando se quer algo que é bom para a vida, quando se deseja realmente uma mudança interna que seja boa para todos, o mundo e a vida não nos negam essa oportunidade.
Quanta alegria senti internamente quando um professor de Belo Horizonte, convidado pela Universidade de Itaúna, onde eu cursava Engenharia, veio ministrar um curso de extensão durante as férias. E lá estava eu para assistir suas aulas magistrais. Nos minutos finais da aula, o professor pedia licença aos alunos para falar sobre uma ciência que havia mudado para sempre a sua vida. Foi quando, pela primeira vez, ouvi a palavra “Logosofia”. As experiências relatadas sobre os ensinamentos aprendidos com essa nova ciência encheram o meu espírito de esperança numa mudança definitiva. “Mudar é possível, então!” – refleti. Mas, como não fui um ser de iniciativa, demorei longos dez anos para assistir a uma palestra sobre a Ciência Logosófica. Não tive a mesma iniciativa de ir até a Fundação que ministrava cursos regulares em Belo Horizonte, como fez aquele professor após a leitura de um livro que ganhara de um colega.
Na palestra ouvi atentamente a respeito de novos conceitos sobre a vida, sobre superação, sobre lutas contra as deficiências psicológicas, sobre como vencer os maiores inimigos que moram dentro de nós — os pensamentos negativos! Não demorou muito para que eu pudesse sentir a força dos ensinamentos dados pelo criador daquela Ciência do Bem, do Afeto, da Evolução Consciente. Eram tantos ensinamentos novos, tantos conhecimentos, verdades que eu comprovava em minha vida, que a mente parecia ferver diante de tanta novidade.
Quando ouvi pela primeira vez que deveríamos trocar a impaciência pela paciência inteligente, passou-me pela mente um turbilhão de pensamentos sobre o que já havia sofrido por ser um “eterno impaciente”. Descobri algumas respostas para as perguntas que eu tinha: “Eu posso mudar! Eu quero, preciso e consigo mudar o meu comportamento com as ferramentas que a Logosofia me oferece”. Tive então a certeza de que o ser impaciente que eu era não seria mais eterno. Foi uma festa para o meu espírito.
Desde então, as vitórias são muito mais frequentes que as derrotas. Sei, porém, que ainda estou num processo ascendente. A natureza não dá saltos. Enquanto vou conquistando, aos poucos, a evolução que almejo, vou respeitando as esperas necessárias, usando a paciência inteligente, ou seja, sabendo esperar, não de forma inerte, mas em constante movimento e fazendo o possível para alcançar os meus objetivos.
Recentemente, um amigo de infância, que atualmente mora distante, estando hospedado em minha casa, perguntou-me se eu atribuía as mudanças tão felizes que ele observava em mim aos estudos logosóficos. Respondi: — Tenho certeza de que é por essa causa!
Senti-me muito feliz pela observação, porque estava diante de um ser que me conhecia desde criança e comprovou as mudanças que venho realizando em meu comportamento. Às vezes, nós não observamos os progressos alcançados internamente por serem muito sutis. Estou aprendendo a ter paciência inteligente até comigo mesmo.
Conquistar a paciência inteligente: esta é uma luta que venho aprendendo a realizar, de verdadeira superação na formação de um novo ser.