Quando criança, gostava de olhar as estrelas no céu à noite. Elas davam-me a sensação de carregar um mistério: o mistério da Criação! Naquela época, eu achava que Deus estava “sentado” no espaço sideral, muito longe de mim, já que Ele era tão grande que não poderia estar perto. Era como se Ele tivesse de se afastar para que eu pudesse vê-lo melhor ou por inteiro. Além, naturalmente, do que me diziam sobre sua imagem, como se Deus fosse um ser finito.
À medida que fui crescendo, o mistério passou a ficar mais próximo de mim. Sentia que havia ao meu redor algo invisível que eu precisava descobrir. No entanto, cada vez que eu olhava para o céu, ainda achava que as respostas estavam nas estrelas e que, de alguma maneira, elas iriam revelar-se para mim de forma fácil, rápida e, de preferência, sem muito esforço. Algumas das minhas perguntas eram: “por que sou do jeito que sou?”, “por que nasci nesta família e não em outra ou em outro país?”, “onde de verdade está Deus?”, “o que eu preciso fazer nesta minha vida?”, “por que as pessoas agem da forma como agem?”, “o que há por trás da aparente materialidade dos fatos?”
Quanto mais eu olhava para fora, mais descobria algo dentro. Observava nas pessoas aspectos que eu queria e que não queria para mim. E ficava de olho, para ver se eu atuava como as pessoas que faziam coisas que eu não admirava.
Na busca pelo conhecimento que me pudesse trazer as respostas para essas questões, eu deparei-me com um outro universo, um universo de conhecimentos, que não fazia ideia que existia. Descobri que o conhecimento tem níveis e que é preciso saber escalar cada um deles para ser merecedor do que oferecem.
O conhecimento é a base para a descoberta e o entendimento de tudo. Mas, junto com ele, comprovei que preciso cultivar a sabedoria, para poder usar o conhecimento da maneira mais acertada possível.
A partir dos conhecimentos que fui adquirindo, fui entendendo que o mesmo universo, que eu via lá no céu, estava dentro de mim. Tudo o que é infinitamente grande é semelhante ao infinitamente pequeno. Cada ser humano não deixa de ser uma galáxia ambulante de sistemas físicos e metafísicos.
Todos os seres do universo inteiro, sejam eles quais forem, estão compostos de átomos, que, combinados e recombinados, compõem tudo o que vemos, sentimos e experimentamos. A Criação é um grande fractal, onde cada fragmento dela é a imagem do todo.
A partir daí, fui dando-me conta de que eu sou, sim, um ser inserido na Criação, na natureza. Até perceber isso, eu colocava-me fora da natureza, fora da Criação e fora da humanidade. Por isso colocava Deus lá no espaço sideral, longe, no universo junto com as estrelas! Mas estamos todos tão integrados, que é preciso ter um conhecimento claro e específico para poder enxergar essa realidade e se ver como parte desse todo.
O que me impedia de chegar a vislumbrar essa imagem tão bela quanto profunda eram as crenças. O grande temor de fazer perguntas congelava-me, pois não tinha liberdade de questionar.
Se Deus dotou-nos de um maravilhoso mecanismo pensante, não fazia sentido para mim que eu tivesse de ser privada de fazer uso dele. Não é isso que Deus espera de nós? Que pensemos, que conheçamos para chegar à sua imagem e semelhança, que não é física?
O universo das estrelas está lá todos os dias e todas as noites olhando para nós, seres humanos, convidando-nos a olhar para dentro de nós e, vendo fora, descobrir o que há dentro. Não por acaso se chama Uni-verso. É tudo uno, feito unidade, tornado um, tudo junto. E eu, como todos os demais seres humanos, estou inserida neste contexto, podendo descobrir onde está o Universo.