Gnothi Sauntón: foi esse um dos motivos pelos quais comecei a estudar Logosofia. Escutei essa expressão, que significa “Conhece-ti a ti mesmo”, pela primeira vez, aos meus 15 anos, em um curso de meditação. De lá para cá, muitas coisas foram experimentadas na tentativa de responder tal pergunta. Pois é algo que permanece sempre vivo: a vontade de saber quem sou.

A busca que começa ainda na infância

Infelizmente, não sou uma adulta que recorda bem da criança que foi. Não posso dizer se era curiosa e se fazia muitas perguntas. No entanto, convivendo com algumas crianças, vejo que muitas delas são sedentas pelo saber, querem conhecer e entender o mundo que as rodeiam. Vejo em meus sobrinhos como a vontade de saber é insaciável! São mil porquês que alguns momentos ficam sem respostas. Após a luta incansável pela busca de respostas, às vezes precisam se contentar com um simples “porque é assim”, ou um brincalhão “por que, por quê?”

“Mãe, quem rasgou a lua?”, “Quem faz o sol dormir?”, “Que dia o mar vai ficar cansado?”: perguntas inocentes da criança que fui, não sabia da profundidade que elas encerram. Em aparência, há simplicidade nessas palavras! Mas, na verdade, trazem inquietudes profundas sobre o Universo. Por que as coisas são como são? Por que foram feitas assim? Há lógica em tudo o que existe?

A inquietude que, de repente, se aquieta

Respostas? Não era hora ainda. E então, anos mais tarde, na adolescência, as perguntas também mudaram! Por que sou como sou? Por que não consigo ser diferente? Muitas vezes a falta do saber me fazia acreditar que o Universo era injusto e eu, uma grande sofredora… “Fase de adolescência” – alguns diriam… “pode esperar que passa!”

E, de fato, para mim, passou! Mas não sei se é tão fácil assim para todo mundo! Acredito que não. Porque se fosse, não teríamos tantos adultos infelizes, desorientados, e que desistem simplesmente de encarar as lutas e a vida!

Mas, por que para mim passou? O que havia dentro de mim que fez a diferença na solução daquela fase tão difícil? Hoje, eu percebo que existia em mim uma busca grande por respostas e uma atividade interna constante: por que sou como sou? Meditação, terapias, grupos de amigos, esoterismo, mil leituras… foram diversas as fontes para saciar uma vontade de saber, de ser diferente, de entender… e de, principalmente, me conhecer.

Querer mudar e efetivamente mudar

Contei com muitos amigos e com a família para compartilhar tantas perguntas e ansiedade! E, recordo-me especialmente de uma conversa, em que uma colega disse algo que eu não era capaz de dizer para mim mesma! Me atingiu como um golpe, no fundo do meu ser e em cheio a minha fraqueza: “quando eu quero mudar alguma coisa em mim, eu mudo.” Essa amiga estava tão segura de suas palavras! Tinha um pouco mais de 17 anos… e já experimentava na própria vida aquela realidade!

E eu? Quando eu queria mudar alguma coisa em mim (e eram muitas), o que eu fazia? Sofria, chorava, julgava a vida injusta! De verdade, eu não tinha ideia do que poderia fazer para conhecer de fato quem eu era e muito menos para mudar essa pessoa-estranha que era! Olhei aquela amiga e quis sentir um dia, na minha vida, a segurança que ela me transmitiu.

Um tempo depois, fui saber das bases de sua educação. Educação que lhe infundiu confiança em si mesma e ensinou-lhe a conhecer a realidade dos pensamentos que, tantas vezes, nos fazem de marionetes. Educação que lhe ensinou como ser dona da própria mente e da própria vontade.

Seus pais estudavam Logosofia, e ela tinha sido aluna do Colégio Logosófico. Naquela conversa conheci uma nova proposta para a evolução do ser humano. Proposta que não fica na angústia de uma promessa, mas mostra-se realizável por meio do conhecimento e do bom uso da capacidade mental, dos esforços e premissas de um estudo científico: fazendo ciência da própria vida.

Recordei-me então daquela expressão que tinha criado raízes dentro de mim, Gnothi Sauton, e ela começou a ser revelada. Com essa nova veta do saber minha individualidade começou a ser moldada de forma ativa e consciente. Hoje, sinto confiança no meu próprio ser com toda amplidão e alegria! Posso afirmar que conheço muito a mim mesma: defeitos, medos, qualidades e potenciais! Mas, tão pouco estou satisfeita! Ainda há muito por fazer! É uma tarefa para a vida inteira, que traz desafios e estímulos a todo momento