Ao visitar a Praça de Touros, em Madrid, observei algo curioso.

Lá estava um busto de Alexander Fleming e, diante dele, a estátua de um toureiro o homenageando.

Procurando saber sobre a razão dessa homenagem, fui informado de que os toureiros que eram feridos na arena tinham morte certa até o surgimento da penicilina.

Refletindo sobre o assunto, pensei em quantos toureiros se curaram de suas feridas na arena, beneficiados pelo trabalho incansável do cientista.

Avançando um pouco mais, pensei em quantos milhões de seres foram curados de infecções diversas — graças também ao trabalho de Fleming.

E mais: quantos deixaram de sofrer de poliomielite beneficiados pela descoberta de Sabin.

O mesmo aconteceu com os que foram salvos da alta mortalidade provocada pelo sarampo, após a criação da vacina protetora contra esse mal.

O trabalho como benção e sacrifício

Nessas reflexões, pude constatar que esses benefícios não se restringem a um ou dois seres desesperados que invocam auxílios extraordinários de seres com imaginários poderes de cura, mas se estendem a milhões e milhões de seres que, de geração em geração, são beneficiados pelos trabalhos, às vezes cheios de sacrifícios e altruísmo, desses abnegados cientistas que não são venerados, e são homenageados em raríssimas estátuas.

E isso pode ser constatado diuturnamente por seres de todas as possibilidades intelectuais, sem necessidade de “comissões especializadas”, trabalhando por dezenas de anos e até séculos, ou de tribunais “ad hoc”, criados para investigar um ou dois eventos tachados de “sem explicação científica”.

Essas conclusões me fazem refletir se esses benfeitores de bilhões de seres não são verdadeiros mensageiros de Deus, que, fazendo uso do maravilhoso poder a eles concedido, chamado Inteligência, semeiam generosamente o bem sem olhar a quem.

Entendo que, um dia, a humanidade será capaz de pensar com clareza e justiça, atribuindo aos seus verdadeiros benfeitores a reverência e a devoção geralmente dispensadas a imaginários entes tutelares acreditados como autores de umas poucas fabulosas curas.