Alguns pensam que o erro é definido por Deus; outros, que é apenas uma convenção social. Mas, independentemente do conceito de cada um, o fato é que a grande maioria não gosta de errar e, mais ainda, teme cometer erros.
Quais são as consequências do medo de errar para a vida de um jovem que está tentando construir seu futuro?
Ao sair da infância, o jovem vai ganhando, ao longo do tempo, mais domínio, posse e responsabilidade sobre seu futuro. Por isso, preocupa-se constantemente em tomar decisões acertadas para chegar aonde se propôs. Porém, diante de tantas situações novas que exigem conhecimentos que ele ainda não tem, surgem a insegurança e o medo de se equivocar.
É natural que o jovem sinta essa insegurança e experimente algum desconforto no processo de construção da confiança, que deve se basear na experiência que ele irá adquirir. O problema é que, quando a insegurança se transforma em medo de errar, ela pode trazer graves consequências para a vida do jovem e limitar sua liberdade de agir — e até de pensar.
Se, por exemplo, o erro é visto como um fracasso, como o resultado final de um esforço realizado, o jovem perde energia e passa a acreditar que aquele erro significa que ele é incapaz de alcançar suas metas. Nesse caso, o erro deixa de ser uma oportunidade e torna-se um limitador, um ponto final para o propósito de fazer mais, realizar mais e conquistar coisas maiores.
Indo um pouco mais fundo, esse medo pode até mesmo impedir que o jovem se envolva em novos projetos ou estabeleça novos objetivos, por antecipar que eles serão interrompidos pelo “inevitável” erro.
Outra consequência desse temor é a tendência de seguir o que os outros fizeram ou pensam, em vez de confiar na própria inteligência e escolher o caminho que considera o melhor. É muito comum ver jovens abrindo mão de escolhas que acreditam ser acertadas — e que poderiam ser excelentes para suas vidas — para seguir um “caminho comum”, com medo de se equivocarem ao fazer diferente.
Bem sabemos da importância que têm o conselho dos mais velhos e a observação da experiência dos demais. Mas sabemos também que o processo de absorver um conselho ou de basear-se na vivência de outros para tomar uma decisão deve ser consciente e fundamentado na reflexão e na compreensão individual – e não no medo de errar ou na preguiça de pensar por conta própria.
Ninguém em sã consciência vai errar ou equivocar-se de propósito. Tampouco permanece indiferente diante do próprio erro. Mas certamente existe uma maneira mais inteligente e livre de encarar os erros.
Para a Logosofia, o erro surge da falta de conhecimento ou de consciência dos elementos que intervêm em cada situação. Considerando que nenhum ser humano possui todos os conhecimentos existentes na Criação, não seria lógico ver o erro como algo natural – e até necessário – em nossas vidas? Não é, muitas vezes, por meio da análise de um erro que conseguimos descobrir exatamente o que nos faltou para acertar?
O erro faz parte da vida e é, naturalmente, parte do caminho que precisamos percorrer para alcançar nossos objetivos.
Sendo assim, a partir do momento em que o jovem se propõe a alcançar uma nova realidade – como, por exemplo, adquirir habilidades e conhecimentos que ainda não possui – , é lógico pensar que será necessário um processo de aprendizado e desenvolvimento. Nesse percurso, os erros serão consequências naturais de cada tentativa. Por isso, é preciso trocar o temor de errar pela alegria de lutar, pela valentia de conhecer a própria realidade e pela determinação de realizar os esforços que cada conquista exige.
Ser livre para errar e, ao mesmo tempo, ser livre para corrigir e aprender com os próprios erros é um direito que todos temos. No entanto, cabe a cada um construí-lo dentro de si, transformando cada experiência em aprendizado e crescimento.
