(…) enquanto aprende, pode também ensinar. Porque a arte de ensinar consiste em começar ensinando primeiro a si mesmo, ou, dito de outro modo, enquanto por um lado o ser aprende, por outro, aplica esse conhecimento a si mesmo e, ensinando a si mesmo, saberá depois como ensinar aos demais com eficiência.
Introdução ao Conhecimento Logosófico p. 260
Este ensinamento nunca foi tão real para mim como no ano de 2020, vivendo os primeiros meses da pandemia. O mundo foi surpreendido por um vírus invisível aos olhos, que nos pegou desprevenidos.
Eu me considerava despreparada para viver tantas adaptações, porém percebi o quanto tinha de elementos para poder colaborar com os demais e como precisava fortalecê-los em meu interno.
Observando os pensamentos de temor que iam surgindo diante daquelas circunstâncias, ponderei que não poderia colaborar com os demais se não tivesse os elementos adequados para atuar comigo mesma.
Busquei em mim mesma os conhecimentos com que poderia contar para enfrentar a maior luta da minha vida até o momento — a interna —, a qual somente eu enxergava e sabia que existia, e que poderia vencer ou não. Paralelamente a isso, não deveria descuidar das minhas outras vidas – como mãe, esposa, professora, filha, irmã, amiga, etc.
Sempre me achei muito valente, pois constantemente levava elementos para colaborar com os demais em suas lutas, serenando suas mentes. Eu me sentia o pilar da família, mas chegou um momento em que este parecia trincar, impedindo-me de trazer para mim os elementos dirigidos aos outros.
Foi então que encontrei este ensinamento:
Se um conselho eu devesse dar-lhe, ele se concretizaria em duas palavras: Seja valente. (…) Compreenderá, então, que ser valente é dar mostra de segurança pessoal. Daí, justamente, dessa segurança pessoal, surge o verdadeiro valor. (Bases para sua conduta, p. 38/39)
Iniciei o esforço pela conquista da nova Eliane, agora mais valente. Busquei maior capacitação e fortaleci os valores que já possuía. Foi então que renasceu uma força imensa que me fez enxergar que eu podia realizar muito por mim e pelos demais, exatamente por não poder dar o que não tinha.
Organizei minha rotina, solicitei colaborações, entendendo que não estava sozinha, e que às vezes precisava sim de ajuda; as minhas energias foram focadas em criar novas ideias, e tudo começou a fluir.
Comprovei a força dos conhecimentos necessários para as atividades diárias, bem como aqueles que favorecem que eu possa me conhecer melhor.
Compartilho a vivência que comprova o resultado dos esforços a partir da observação interna: estava tudo organizado para nossa aula on-line; materiais em mãos, sala virtual aberta, professores na telinha, mas, para nossa surpresa, ninguém entrou para assistir à aula.
Como foi minha reação? Fiquei triste? Sim, fiquei triste, mas não me deixei levar pelo pensamento de desânimo, porque entendi que todos estávamos vivendo grandes adaptações. Não, não julguei ninguém. Essa atitude foi um resultado de todos os esforços realizados na busca por ser mais valente e de fortalecer meus valores internos. E o mais importante é que pude colaborar com as docentes que me acompanhavam, levando pensamentos de bem e valentia.
Com certeza, o ano de 2020 jamais será esquecido, mas para mim ele será recordado não como o ano da pandemia, mas como o ano de muitas superações.