Nos meus mais de 80 anos já havia tomado contato, através de relatos, das pandemias ocorridas através dos tempos. Viver uma, nunca. Estava frente à uma experiência totalmente nova apesar da minha longa trajetória de vida.

A ficha foi caindo aos poucos

Minha primeira reação foi de resistência em aceitar, considerando as notícias como exagero da mídia. Mas, comecei a observar que o alerta vinha de autoridades sanitárias, instituições científicas de renome, pesquisadores, médicos. Pensei: será que os propagadores das notícias, pessoas bem conceituadas, com um nome a zelar, iriam se expor com “fake news”?

Entretanto, a real tomada de consciência da gravidade da situação ocorreu quando um familiar médico, sempre muito sensato e equilibrado, recomendou-me que não saísse de casa para nada e evitasse qualquer tipo de reunião, mesmo entre amigos. Em suas orientações, manifestava grande preocupação, advinda do conhecimento da situação e suas consequências. Afinal, trabalhava no meio onde o problema estava sendo vivido e estudado.

E agora? Como viver a situação? Não adiantava resistir. Teria que ser vivida da melhor forma para que o sofrimento fosse o menor possível e extraísse conhecimentos para ajudar a mim e aos demais.

Tentei entender a razão da pandemia

O primeiro passo seria entender o porquê. Aprendi com a Logosofia que o Universo está regido por leis físicas e metafísicas. O homem é o único ser da terra dotado de inteligência, consciência, espírito. O Criador o dotou dessas possibilidades para cumprir com a missão de “evoluir para a perfeição e se tornar um servidor da humanidade”. O homem tem cumprido com sua missão? Sim, dentro do plano material.

O desenvolvimento científico e tecnológico é deslumbrante. Desfrutamos muito desta evolução. A própria condução da pandemia está sendo auxiliada graças aos conhecimentos científicos e tecnológicos. E moral e espiritualmente tem havido igual evolução? Não, ao contrário.

A civilização atual está em decadência. Os princípios morais estão deteriorados. O egoísmo, a ambição, o querer insaciável por bens materiais, a ânsia de domínio, a despreocupação com os semelhantes, são facilmente observados. Famílias desestruturadas. E uma falta de tempo absoluta para dedicar-se a si mesmo e àqueles que lhe são mais caros.

E aí surge uma pandemia como a que estamos vivendo, parando o mundo, a economia. Os valores materiais, tão importantes para todos, são colocados em risco.

As famílias são obrigadas a conviver. E aí se começa a observar o florescer da parte boa do ser humano e que deveria ser desenvolvida no dia a dia, quando se vivem dias normais.

Os profissionais de comunicação trabalhando incansavelmente para manter a população informada e dessa forma ensinando-a a se proteger.

Os profissionais da saúde, passam a pensar como minimizar o sofrimento, dedicando as 24 horas do dia no cumprimento de sua missão. Surge a gratidão por esses profissionais, manifestada das mais diversas formas. Surge a solidariedade, virtude inata no ser humano, sufocada pelo egoísmo e ambição. Aqueles que têm menos recursos passam a ser lembrados.

O que podemos aprender com essa pandemia?

O Ministro da Saúde, na época, declarou em uma entrevista: “depois dessa pandemia, o mundo não será o mesmo”. Isto, em minha compreensão, só ocorrerá se o homem se voltar para si mesmo e começar uma nova vida, cultivando valores individuais que repercutirão na sociedade.

E por que tudo isso está acontecendo? Não seria uma “sacudidela” do Criador querendo fazer com que o homem volte a trilhar a estrada construída por Ele? O homem entrou em um atalho e se perdeu e agora precisa se encontrar novamente. São atuações das Leis do Criador que tem sido infringidas ao longo dos tempos.

Que Leis seriam essas?

  • Lei de Evolução
  • Lei do Afeto
  • Lei de Caridade
  • Lei de Causa e Efeito
  • Lei do Equilíbrio
  • Lei de Correspondência
  • Lei de Adaptação
  • etc.

Fazendo uma analogia com as leis humanas, como as leis de trânsito, por exemplo, que foram feitas para ordenar ruas e estradas evitando acidentes, transtornos etc. O que faz o homem? Infringe essas leis. Inicialmente, nada acontece, e continua cometendo faltas, até que um dia sofre um acidente e suas consequências. A partir daí passa a ficar mais atento para que nada mais aconteça.

O mesmo ocorre com as Leis que regem a vida moral e espiritual. O homem, por ignorá-las, as infringe e, aos poucos, vai saindo da estrada traçada pelo Criador, entrando no desvio. O Criador sente necessidade de adverti-lo, apresentando situações que mostram estar no caminho errado. Oferece o corretivo em pequenas doses. O homem não se adverte, até que o desvio é tal que o Criador resolve dar uma grande punição.

Essa pandemia, no meu entender, é fruto da atuação do Criador, não para castigar, mas para ensinar.

Para que tudo volte à normalidade é preciso uma mudança individual. Cada ser humano tem que repensar sua vida. Pensar em como ser mais consciente, como cultivar valores individuais, formando uma corrente de bem. E, se cada um – profissionais das mais diversas áreas, governantes, políticos, empresários etc. – procurar ser cada dia melhor, experimentar-se-á uma reforma efetiva, porque partirá do indivíduo.

Só desta forma o mundo vai melhorar. Esta é a lição que ficou para mim dessa pandemia.