A palavra “espírito” tem sido associada a múltiplos significados. Para uns, é um assunto proibido ou exclusivo de práticas religiosas. Para outros, é um tema cercado de mistérios, enigmático e impenetrável. Há também os que imaginam ser algo sobre o qual não precisam pensar. Talvez porque haja muitos que “pensam” por eles e consideram que isso já é o suficiente.
Na minha juventude, a ausência de respostas satisfatórias para os meus questionamentos sobre o espírito humano causava certo incômodo. Quase cheguei à conclusão de que esse assunto era um daqueles sobre os quais não deveria pensar. Era mais cômodo ficar nos estreitos limites de acreditar naqueles que “pensavam” por mim. Felizmente, essa postura interna mudou substancialmente com o estudo e prática dos conceitos que a Logosofia apresenta sobre a realidade espiritual humana.
Apesar da confusão conceitual dominante, hoje eu compreendo que tudo que se refere ao espírito tem grande importância para a vida. Por isso, este tema tem merecido minha atenção e, na medida do possível, está sendo motivo de estudo e experimentação.
Assim como eu, muitas pessoas sentem verdadeiras inquietações sobre esse assunto. Se fizermos uma sondagem entre aquelas mais próximas de nós, vamos encontrar muitas questões sem resposta. Entretanto, para chegar às respostas que buscamos, o fato de ter inquietudes é uma condição necessária, mas não é suficiente.
Durante meus estudos logosóficos, compreendi que, para desvendar os mistérios do espírito humano, deveria partir de um conceito claro e preciso sobre o que é essa entidade imaterial e suas funções na vida. Sem a devida correção conceitual, meus juízos, observações e raciocínios também estarão incorretos.
Outra condição que deveria providenciar é trocar a atitude passiva da inteligência – atitude de crer – pela atitude ativa – atitude de saber. Depois de experimentar os resultados desta mudança de posição interna, passei a me sentir mais seguro e confiante no trabalho que deveria realizar para esclarecer minhas dúvidas e inquietudes.
A Logosofia, ciência que instituiu o Processo de Evolução Consciente como meio para se alcançar o autoconhecimento e, por consequência, o conhecimento do próprio espírito, apresenta o ser humano com uma configuração biopsicoespiritual. Acima das dimensões física e psicológica, o espírito é a entidade individual que sustenta e perpetua a existência humana, sendo, ainda, o elo natural entre o homem e seu Criador.
Como principal particularidade na abordagem desse tema, a Logosofia apresenta um referencial de conceitos e um método próprio que trata as questões do espírito sob o enfoque de um estudo investigativo voltado para a busca do conhecimento. A observação de milhares de pessoas que se dedicam a esse estudo mostra que as crenças e os preconceitos, causadores da atitude passiva da inteligência, atrasam de forma irremediável os avanços em direção ao autoconhecimento que se busca.
O progresso humano mostra que avançamos em todos os estudos, menos no estudo de nós mesmos.
O desequilíbrio entre os avanços material e espiritual é enorme. Estamos há séculos estagnados na evolução que mais interessa ao espírito. A vastidão dos conhecimentos que temos sobre a realidade que nos cerca contrasta com o escasso saber que temos sobre nós mesmos. O tratamento precário a que temos submetido nosso espírito, limitando suas funções com crenças infundadas e preconceitos de toda ordem, é um obscurantismo incompatível com a etapa evolutiva em que se encontra humanidade.
A Logosofia, ao propor a troca do crer pelo saber, oferece um conjunto organizado de conhecimentos que podem ser aplicados nesta busca, inaugurando uma nova rota para a realização humana nos domínios do espírito. Eis aí uma oportunidade à nossa disposição e que deve ser aproveitada em toda sua extensão e profundidade. Diante das reflexões apresentadas, não será difícil escolher – entre a crença e o saber – qual é o melhor caminho para se chegar aos conhecimentos que o espírito tanto necessita.
Como visto, mais do que dar respostas prontas, este artigo teve por finalidade estimular o despertar da mente para algumas questões que interessam particularmente ao espírito. Com essas poucas palavras, espero ter proporcionado o exercício da inteligência, especialmente em suas funções de pensar, de raciocinar e de observar.