Quando pequena eu era uma criança muito tímida, distraída e, como diziam na época, estabanada.

Um dia, fiz um pequeno arranhão sem querer em uma colega, e a professora na época não acreditou em mim e me chamou de “bicho do mato”, sendo apontada como tal por toda a turma. Isso aconteceu há mais de 40 anos e dificultou a minha batalha contra a timidez.

Hoje tenho dois filhos e encontrei na Pedagogia Logosófica o que não tive na infância — uma pedagogia que respeita, ensina a pensar, desperta e colabora no cultivo de valores morais, estimulando a criança a superar suas próprias limitações.

O autor da Logosofia ensina no livro O Espírito, p. 101:

Considerando serenamente os sérios riscos que uma infância e uma juventude descuidadas ocasionam à criatura humana, é fácil apreciar a importância que tem, desde a primeira idade, preservar a criança de preconceitos, de crenças e de toda ideia sugestionante e inibitória que atente contra o desenvolvimento normal de sua natureza pensante e dos demais atributos afins com sua condição de superioridade entre os seres criados.

Meus filhos tiveram, sim, uma infância mais protegida, sendo estimulados a pensar, a razoar e a refletir sobre os pensamentos e atitudes derivados dos pensamentos. Enxergo essa proteção não como uma bolha, e sim como uma estufa onde a mente infantil pode fortalecer suas raízes para que, quando chegar o momento de enfrentar as intempéries da vida, eles as enfrentem não como plantas frágeis como eu fui na minha infância, mas sim como plantas fortes que enfrentam tempestades e continuam em pé.

No ano passado meu filho estava incomodado com uma atitude de um coleguinha. Expliquei a ele que deveria conversar e dizer que não gostava daquela atitude, pois, se não o alertasse, o amigo talvez não percebesse que aquilo não era engraçado. Se não funcionasse, deveria se afastar até que o amigo percebesse que ele realmente não estava gostando. Depois de várias tentativas, ele resolveu sozinho o conflito, sem traumas e, acima de tudo, com respeito.

Surgirão outras lutas, algumas serão muito mais difíceis, mas os elementos recebidos na infância darão a eles recursos internos para enfrentarem as dificuldades da vida com mais inteireza.