Gosto muito de observar os inúmeros movimentos que acontecem no meu raio de ação, no meu campo visual, até onde minha vista possa alcançar. Falo aqui dos movimentos externos; mas se levamos em conta nossa própria fisiologia, vamos nos deparar com um movimento interno incessante — a respiração, o coração, as células —, tudo reagindo e provocando reações, numa dinâmica que independe de nossa vontade; e tudo funcionando muito bem.
Recentemente, num ato de observação interna bem sucedida, flagrei-me fazendo mau uso da minha palavra, ou seja, flagrei-me falando sem dar tempo para que uma reflexão mediasse o conteúdo do que eu iria expressar; naquele momento, descuidei do peso que cada palavra possui e da responsabilidade que cada uma carrega em si. O resultado foi que provoquei reações negativas, ao invés de estar atento para as palavras propícias à formação de bons relacionamentos, que são justamente aqueles onde as palavras mais valorosas se somam visando à evolução.
O olhar e atenção para si
Tenho ficado atento às múltiplas reações que acontecem na convivência, procurando descobrir suas causas e a forma de contê-las. Entendo que os movimentos que antecedem nossos relacionamentos merecem uma reflexão e precisam ter alguns ingredientes que os tornem simpáticos e amáveis, além de conterem, é claro, todos os elementos éticos essenciais para uma boa convivência.
Na nossa casa, com os nossos filhos, temos não só a possibilidade de vivermos momentos de grande alegria, como também de formar um importante campo experimental para nosso desenvolvimento como seres humanos. Mas é nesse ambiente, também, onde ocorrem importantes reações da nossa psicologia. Há dias em que já acordo brigando com a minha sombra e nem quero ver minha cara no espelho. Se, porém, detecto esse problema quando ele ainda está na minha área de ação, posso resolvê-lo ainda em seu nascedouro, ou seja, dentro de minha própria mente. Mudo os pensamentos, e minha vida muda. Isto, meus amigos, é o que tenho aprendido com os conhecimentos logosóficos, e que tanto comove o meu espírito.
O autoconhecimento concedido pelo pensamento logosófico
O conhecimento logosófico que venho incorporando dia a dia tem movimentado minhas aspirações mais profundas, entre outras, a de evoluir até a perfeição, a de fazer o bem, a de ser um servidor da humanidade, a de amar a vida, fazendo com que elas sejam constantes fontes de energia e entusiasmo. Penso que todos conhecem aquela reação que nos pega desprevenidos, que nos faz atuar de maneira impulsiva, sem o controle de nossa vontade. Essas reações, muito frequentes, provocam um verdadeiro desequilíbrio psicológico, resultando, muitas vezes, em reações intempestivas e até violentas, já que nossa suscetibilidade não gosta de ser contrariada.
Com meus estudos logosóficos, estou aprendendo que devo arar a terra e preparar meu campo mental para receber essas sementes de natureza superior que me fazem feliz a todo instante. Encontrei, entre esses ensinamentos, aqueles que me ajudam a conter as reações do meu temperamento; reações, por vezes não muito sutis, que exigem minha constante observação.
Quando me dedico ao estudo e à meditação dos conhecimentos apresentados pela ciência logosófica, sinto a força estimulante de cada ensinamento e constato o quanto isto me entusiasma a trilhar o caminho em direção ao eterno.
Seria o caso, portanto, de aconselhar aqui que cada um, ao se levantar pela manhã, tendo presente a importância de que se reveste esta realidade, adquirisse o costume de exercitar seu temperamento em diversos movimentos tendentes a manifestar uma modalidade agradável aos semelhantes com quem haverá de conviver; desta forma, conseguirá polir as asperezas, os atos intempestivos e os gestos chocantes, que sempre produzem reações adversas no próximo. González Pecotche