A Logosofia, ciência criada por Carlos Bernardo González Pecotche, convida-nos a mergulhar em um fascinante estudo sobre o tempo e seu papel no Universo. Mais do que uma simples medida de passagem ou o transcurso dos ponteiros do relógio, o tempo é uma Lei Universal que permeia tudo o que existe. Uma das expressões mais evidentes dessa Lei é que o tempo perdido não pode mais ser recuperado. Diante dessa realidade, surge a pergunta: como aproveitar o tempo de forma consciente, sem o deixar escorrer pelas mãos, relegando ao esquecimento os fatos vividos? 

Tenho aprendido que uma das formas mais nobres de utilizar o tempo é empregá-lo em atividades úteis para mim mesmo e para meus semelhantes. Mas o que significa “útil” nesse contexto? Certamente, o aprimoramento intelectual e profissional são importantes, mas a utilidade do tempo caracteriza-se, sobretudo, na dedicação à realização de um processo de melhoramento, buscando superar as imperfeições psicológicas e morais, e contribuir para que outros sigam o mesmo caminho. Esse objetivo só pode ser alcançado por meio de um esforço constante na busca de conhecimentos transcendentes e na ampliação da consciência. Tal esforço capacita o ser a aprender a pensar com lucidez, produzindo soluções luminosas para os problemas individuais e coletivos que se apresentam no curso da vida. 

A Logosofia revela ainda uma característica muito interessante do tempo: sua elasticidade, superando a perspectiva da sua trajetória definida entre o instante do nascimento e a transição para a morte. É prerrogativa do ser humano ampliar o próprio tempo na medida em que expande sua vida mental. Sob essa ótica, pode-se viver pouco ou muito, dependendo da quantidade e qualidade dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida. 

Ao realizar uma análise retrospectiva da minha própria vida, constato momentos vividos dos quais mal consigo lembrar, em que o tempo parece não ter existido. Esses momentos encurtados pela inconsciência e pela inércia mental foram como blocos que se descolaram e caíram no abismo do esquecimento. No período da minha primeira graduação, por exemplo, ainda quando não trabalhava, sem esposa e filhos, vida social intensa, o curso de engenharia parecia sugar todas as minhas energias; o tempo sobrava, mas também me faltava! Às vezes ia para a aula, mas não aprendia; ou ia à faculdade, mas não assistia à aula, para tirar uma soneca naquela sala escura do centro acadêmico da Escola de Engenharia, para compensar as poucas horas de sono na noite anterior ou para colocar a conversa em dia com os amigos. 

Eu deleguei para o Alexandre do futuro a tarefa de correr atrás do prejuízo, pois sabia que ele tinha senso de responsabilidade: tiraria cópias das matérias, dedicaria longas horas de estudo para aprender o que tinha sido ministrado em classe etc. Se ele não tinha tempo para realizar as coisas mais triviais da vida, era evidente que também não dedicava o tempo necessário ao que realmente importava: seu processo de superação. 

Depois de muitos anos, decidi aventurar-me em um segundo curso de graduação, porém não seria tão fácil. Diferentemente da primeira experiência, agora estava casado, com filhos pequenos, jornada integral de trabalho, hobbies, atividades relacionadas aos meus estudos de Logosofia, voltadas para o meu processo de superação. No entanto, com a mente mais organizada e disciplinada e tendo o tempo como amigo, como venho aprendendo com o meu mestre e guia González Pecotche, tudo foi diferente. O tempo me parecia faltar, mas na verdade sobrava! O domínio dos meus pensamentos proporcionava manter um nível de atenção, organização, disciplina e foco nas aulas que me permitiram estar preparado para as provas, sem necessitar de tempo extra. Utilizava esse tempo para as leituras complementares que o curso exigia. Tudo isso sem descuidar do meu processo de superação individual. Não poucas vezes, perguntavam como eu conseguia fazer tanta coisa, no que eu encolhia os ombros e dizia algo que aprendi na Logosofia: “movimento gera movimento!” 

Através do contato com os conhecimentos logosóficos, tenho ampliado meu tempo e, por conseguinte, minha vida, o que tem proporcionado ao Alexandre do presente e do futuro muitas realizações e possibilidades transformadoras.