Anos atrás fui convidado para participar como voluntário de uma peça infantil, baseada no livro “Os óculos do invisível”, do projeto “Amanhã Gente Grande”.
No primeiro ensaio fui colocado na equipe de suplentes, mas, no segundo, um dos atores não compareceu, e fui escalado então para ficar no seu lugar.
Inicialmente fiquei com certo temor, senti um friozinho na barriga, reflexo de uma deficiência, a timidez, relacionada à exibição em público. Vinha em minha mente que eu não era a melhor pessoa para fazer aquilo, que não tinha aptidão, além do medo do fracasso e do desacerto.
Para superar meus temores, comecei a estudar sobre a timidez no livro “Deficiências e Propensões do Ser Humano” e descobri que ela estava relacionada a certo complexo de inferioridade, consequência da falta de confiança em mim mesmo.
Logo observei que tinha de criar essa confiança e aumentá-la, fazendo inicialmente uma seleção dos pensamentos que atuavam em minha mente. Procurei substituí-los por pensamentos de entusiasmo, otimismo e coragem.
Como fiz isso?
Fui preparando-me para a apresentação: li bastante o texto, assisti muitas vezes a gravação do vídeo da peça e, depois de muitos ensaios, eu me sentia cada vez mais otimista e confiante, com coragem para enfrentar o desafio.
Chegou o dia da apresentação e deu tudo certo — consegui fazer com acerto a minha parte e o público gostou muito.
Senti uma felicidade difícil de descrever por ter conseguido vencer a timidez e, ao mesmo tempo, ver a alegria e o interesse que o tema da peça provocou nas crianças, cujos olhos brilhavam, demonstrando que haviam entendido a mensagem, que tinha muita relação com o que vivi: existem pensamentos que mandam na nossa mente e que precisamos enxergar para poder neutralizá-los.
Depois dessa primeira experiência como ator, outras vieram, e sempre volto a sentir a mesma felicidade, um sentimento inefável e muito grato por vencer a timidez e ainda poder proporcionar às crianças momentos de alegria e descobertas sobre os pensamentos que atuam na mente de todos nós.