Conceber que a mulher pudesse participar da construção de uma humanidade melhor seria algo impensável há alguns séculos. Educada para ser submissa, inferiorizada até na própria Bíblia e em várias religiões, não tinha voz nem vez. E até meados do século XV era um ser “sem alma”.

Privada de adquirir conhecimentos, teve sua iniciativa tolhida, seus direitos restringidos, sua honra era restrita à sua castidade e não a seus valores. Era proibida de estudar, votar, ter iniciativas. Perseguida pela beleza, pelo conhecimento que a muito custo acumulava, foi amordaçada por séculos, e aquela que se rebelava era punida com castigos e até com a morte.

Como exigir dessa mulher que construísse algo positivo, grande, que pudesse influenciar a humanidade e as futuras gerações se ela mesma carregava, por inculcação, muitos preconceitos sobre si mesma e se considerava um ser secundário, um peso, culpada dos desvios da humanidade?

Devemos muito a valentes mulheres que no século passado quebraram esse estigma de submissão e incapacidade. Movidas pela indignação e pelo senso de justiça, levantaram a voz e mostraram ao mundo dos homens — e das mulheres também — de que somos tão capazes quanto eles e de que deveríamos ter direitos e prerrogativas iguais. E muitos direitos foram conquistados graças à luta dessas mulheres de fibra. 

Foi uma revolução que fez surgir o feminismo. Mas a que preço? Lamentavelmente, o que poderia ser uma libertação da mulher não a levou a ser feliz nem a cumprir com sua verdadeira missão na Terra. Outras correntes ideológicas têm se aproveitado de um “feminismo” superficial para minar com ideias extremistas e preconceitos a nobre missão da mulher.

A busca pela “igualdade” desconsiderou uma verdade: que a natureza do homem é diferente da natureza da mulher. Sua sensibilidade foi sendo contaminada, e não fortalecida, com o pretenso objetivo de se “igualar ao homem”.

Nenhum dos dois deve ser mais que o outro; devem, sim, se completar e colaborar com sua evolução mútua.  Ambos foram criados para ajudar um ao outro em seu processo evolutivo. Não adianta querer só a igualdade de direitos; temos que nos igualar na condição humana de ser pensante e espiritual, no aspecto transcendente. 

Nossa missão como mulheres é imensa — nada menos que evoluir, influenciar para o bem, para a vida, e elevar o homem ao patamar do quarto reino. 

Missão que só entendo ser possível com o conhecimento de si mesmo e a realização do processo de evolução consciente.


Veronica Cavalieri, formada em Belas Artes pela UFMG, trabalhou por muitos anos como design gráfica. Atualmente está aposentada. Mãe de um casal de filhos e avó de cinco netos, e com muitas histórias para contar de uma vida cheia de lutas e realizações. É docente de Logosofia em Belo Horizonte há mais de 40 anos.