É possível ser alegre em momentos de luta e dificuldades? E cultivar a alegria quando perdemos um familiar querido? 

A humanidade está vivendo um momento difícil com a pandemia da Covid-19. Se eu perguntasse a você, prezado leitor, com certeza me afirmaria que já viveu ou vive momentos de dificuldades, lutas, desafios e perdas. Mas tenho aprendido que a luta é lei da vida. 

Há pouco tempo perdi um familiar muito querido: meu pai. Ele enfrentou com valentia uma grave doença por mais de quinze anos. Foi a primeira grande perda em minha vida. Tenho tirado valiosas lições dessa experiência. 

Como qualquer pessoa, passei pela tristeza e pelo luto. Mas, mesmo nessa etapa difícil de minha existência, descobri que tinha um poder e uma força que não conhecia. 

Desde criança, sempre cultivamos em nossa família um sentimento que é também um valor: a alegria. Posso dizer que “herdei” essa alegria de minha mãe, pois, apesar das dificuldades e lutas da vida, ela continua alegre e forte. É um grande exemplo para mim. 

Observo em muitas pessoas uma predisposição para a tristeza, sem que o mesmo se dê para com a alegria. 

Podemos até mesmo atribuir essa predisposição às notícias veiculadas nos meios de comunicação, ao dia a dia “corrido”, ao trabalho, à falta de um carro ou de uma casa, ao fato de não ter encontrado um(a) companheiro(a), às decepções… Sendo muitos os motivos para justificar a nossa tristeza. 

Mas, e a alegria? Como cultivá-la? 

González Pecotche, autor da Logosofia, aconselha: “A uma emoção pessimista, oponha logo outra otimista, alegre, estimulante; a uma violenta, outra sedante; e faça-o sempre com plena consciência de sua eficácia”. 

Recordar este conselho me fez entender que, mesmo em um momento difícil, como o da perda do meu pai, é possível cultivar a alegria. Como? Recordando cada momento feliz que vivi ao seu lado, os aprendizados, o exemplo do ser humano que ele foi em vida e, também, sendo grata a ele por me ensinar a cultivar muitos valores, como a honestidade, a responsabilidade, a bondade, a generosidade, entre outros. 

Dessa maneira, consegui transformar esse momento de tristeza em um momento de alegria, pois muito da vida de meu pai ficou em minha vida e na de meus familiares. E isso o fará viver para sempre em minha recordação, com seu valoroso exemplo de pai, filho e marido. Foi uma grande oportunidade conviver com ele e sentir a alegria que vai além do sentimento de perdê-lo fisicamente. 

Recordar os momentos felizes ao lado de um ser tão especial me faz sentir serenidade, uma paz interna que me possibilita passar por sua perda física sem me sentir desamparada, sem sucumbir à dor. Esses momentos são os que devem permanecer para sempre e que dão força à vida. 

Descobri que a alegria é vida porque me faz viver as experiências de um modo diferente, com mais valor e compreendendo que em cada etapa da existência, boa ou ruim, posso cultivá-la e seguir adiante, sem esmorecer. 

Hoje eu sei que a alegria é um sentimento, uma força que estimula viver com mais inteireza e valor. 

 

 


Maria de Lourdes Campos Rosa nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais. É formada em Administração de empresas, Pedagogia e pós-graduada em Arte-Educação. Professora de Educação Ambiental e Artes Plásticas na Educação Infantil do Colégio Logosófico – Unidade Funcionários. Estuda Logosofia desde 1998 e colabora como docente da Fundação Logosófica na capital mineira.