Tempo

A união dos tempos

agosto de 2025 - 4 min de leitura
Tempo

A união dos tempos

agosto de 2025 - 4 min de leitura

Ao longo da história, diversos pensadores, empreendedores, cientistas e filósofos se esforçaram para promover o progresso da humanidade. Com o tempo, é fácil perceber  o avanço físico e tecnológico que obtivemos ao longo das gerações. Hoje, conseguimos nos comunicar independentemente da distância, nos locomover com rapidez e ter acesso, com facilidade,  ao conhecimento de pessoas que realizaram grandes feitos em suas vidas.  

 

Porém, muitos problemas permaneceram ou até se acentuaram em nossa sociedade. Por que, mesmo com todos esses avanços, continuam existindo seres infelizes e insatisfeitos com o que vivem? O que precisamos mudar para levar uma vida mais feliz e lidar melhor com as insatisfações que temos na vida?    

 

Modificar uma cultura, obviamente,  é um trabalho que exige esforço, empenho e constância. Com a Logosofia, tenho aprendido que toda mudança começa dentro de nós e que as transformações que vivo são reflexo do meu estado interno. Para que isso aconteça, preciso me conhecer de verdade, ter consciência de quem sou, reconhecer meus defeitos e qualidades, entender o que me inquieta, o que preciso melhorar, em que momentos me sinto mais feliz, o que penso, o que sinto e o que transmito às pessoas com quem convivo.  

 

Recentemente, vivi uma das experiências mais desafiadoras que a vida pode trazer: o falecimento de um ser profundamente querido, minha mãe. Alguns meses antes desse momento se concretizar, eu já sabia que nossa união física estava chegando ao fim, por causa das suas debilidades. Para muitos, isso poderia ser uma situação marcada por profunda tristeza, dor e até arrependimentos.  Nesse momento, percebi que tinha diante de mim a oportunidade de escolher como eu gostaria de viver esse desafio.  

 

Como disse antes, tudo o que é vivido externamente na vida do ser humano é consequência de sua realidade interna, pois todas as criações, pensamentos e propósitos nascem, antes de tudo, na mente. Busquei, então, criar uma imagem ideal de  como eu queria viver essa experiência. E, nesse processo, várias perguntas surgiram em minha mente: 

 

O que quero viver?  

Por que quero viver esse desafio dessa forma? 

O que quero e preciso mudar em mim mesmo?

Que situações, pensamentos e sentimentos eu vou me propor a criar para experimentar a possibilidade do que quero viver?

Que recursos possuo internamente para viver tudo isso da forma que eu gostaria? 

 

Procurei recordar os conselhos que minha mãe me deu ao longo de sua vida. 

 

Na infância, eu carregava a timidez e o retraimento. Sempre que observava essas características em mim, minha mãe me dizia, com poucas palavras, mas com firmeza: “Seja valente”. Ela admirava minha alegria e destacava como essa virtude contribuía para os ambientes em que eu convivia e para a união da nossa família. 

 

Quando falava de mim para as amigas e conhecidos , expressava seu amor, a gratidão por ser minha mãe e exaltava as virtudes que via em mim.  

 

Recordar todos esses gestos virtuosos não seria uma bela forma de unir os tempos – da criança e do adolescente que fui, e, principalmente, do ser que ainda me tornarei – e sentir cada vez mais gratidão pelo legado construído por minha mãe? De tomar consciência das virtudes e dos esforços que precisou cultivar para se tornar um ser tão admirado e querido por seus filhos?  

 

Com toda a certeza, essa foi a experiência mais profunda que vivi no campo familiar. Ela me permitiu conhecer e compreender melhor os inúmeros esforços da minha mãe, empenhar-me em viver essa fase como havia projetado, e apoiar, com sensibilidade e conhecimento, os familiares mais próximos que sentiram sua partida. Acima de tudo, fortaleceu em mim a convicção de que, mesmo distantes fisicamente, seguimos conectados pelos ensinamentos que ela nos deixou, pelas lembranças felizes que construímos juntos, pelo filho e irmão que sou graças à sua influência, e, principalmente, pelo pai que desejo me tornar.  

 

Ao leitor deste texto, deixo algumas reflexões: é você quem tem conduzido as escolhas da sua própria vida? Como seria se você se propusesse a viver de uma forma diferente, refletindo sobre quem é hoje e fazendo escolhas que o aproximem do ser que deseja se tornar? 

 

Ainda estou longe de ser uma pessoa totalmente livre, capaz de viver todas as situações dessa forma. Mas compreendo que o que parece pouco para nós pode ser muito para quem está à nossa volta. Para que um pensamento ganhe força, é preciso criá-lo, fortalecê-lo e compartilhá-lo. Por isso, cabe a cada um de nós decidir se capacitar, se conhecer cada vez mais e buscar evoluir fisicamente (no corpo e no plano material), psicologicamente (na conduta e na construção e fortalecimento do caráter) e espiritualmente, para nos tornarmos seres melhores e capazes de criar uma nova cultura para a humanidade.

"Unir os tempos de metade significa que o ser humano, havendo já alcançado uma capacitação intelectual adequada, deve ordenar os tempos de sua vida, unindo entre si os que são de igual natureza. Acostumando seu espírito a esse ordenamento, terá diante de si a realidade de estar vivendo – conscientemente, é claro – várias vidas de forma simultânea. (...) Apesar de você não compreendê-lo, é muito claro e, além disso, de importância fundamental para todo aquele que queira beneficiar-se com ele, pois tem a virtude de levar à com­provação de como foi aproveitado o tempo vivido, enquanto ajuda a aproveitar melhor o futuro por viver.(...) Assim, poderíamos unir cada uma das vidas que vivemos, e, ao fazê-lo, apreciaremos melhor o valor dos tempos que concorrem para a formação de nossa existência."

Um pensamento de

 Luiz Eugênio Resende Lima
Luiz Eugênio nasceu em Belo Horizonte-MG, estudou no Colégio Logosófico de Funcionários e é graduando em Engenharia de Produção na PUC Minas. Estuda na Fundação Logosófica desde julho em Belo Horizonte desde julho de 2019.

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