Há em cada ser humano um centro íntimo, uma instância silenciosa e sutil que transcende os pensamentos passageiros e os impulsos da natureza sensível: é a consciência. Na concepção logosófica, ela não é um tribunal tardio, que pesa erros depois do fato consumado, mas uma essência viva, um núcleo de saber que atua à priori, advertindo, prevenindo, iluminando a pessoa antes mesmo da ação.
A consciência, assim entendida, é insubornável. Não há força, promessa ou vantagem que possa corrompê-la, pois ela se nutre exclusivamente dos conhecimentos legítimos que o ser incorporou à sua realidade interna. Esses conhecimentos não são teorias mortas, nem fragmentos desconexos de informação. São experiências amadurecidas, reflexões profundas, princípios que se enraizaram na estrutura íntima do ser, através do esforço consciente e da superação pessoal.
Por isso, também, a consciência é não sugestionável. Não se deixa levar por vozes externas nem por sofismas internos. Imune à sedução dos pensamentos deformados, ela reconhece, com a precisão que somente o conhecimento legítimo confere, o que edifica e o que destrói, o que aproxima e o que afasta do caminho da evolução consciente.
Agindo à priori, a consciência antecipa o movimento. Antes que a pessoa formule a intenção de agir, ela já apresenta um quadro sutil do que aquela ação poderá gerar. É uma presença que orienta, uma luz que projeta no interior da pessoa as possíveis consequências de seus atos, pensamentos e sentimentos. Quem a escuta, evita a queda. Quem a ignora experimenta a dor da queda e, então, talvez venha a aprender pelo caminho mais árduo.
Na vida consciente, cultivar e ampliar essa consciência é tarefa de primeira ordem. Exige a contínua assimilação de novos conhecimentos superiores, a revisão paciente dos próprios pensamentos, a renovação constante dos conteúdos internos. À medida que essa tarefa avança, a consciência se torna mais clara, mais firme, mais abrangente — e a pessoa se move com crescente segurança por entre as circunstâncias da existência.
Ela não é uma voz estranha nem uma imposição que vem de fora. É a própria vida mental e espiritual da pessoa filtrada e refinada pelo conhecimento e pela experiência consciente. Sua orientação não é autoritária, mas natural: flui como uma percepção imediata do que é justo, do que é elevado, do que é bom para o destino maior que a pessoa se propôs construir.
Assim, a Logosofia ensina que a consciência é insubornável e não sugestionável, reconhecendo que, no âmago de cada pessoa que busca superar-se, existe uma força invencível, uma fonte de verdade que resiste à corrupção e à ilusão. É confiar que, por mais densas que sejam as sombras ao redor, a luz íntima, alimentada pelo esforço consciente, jamais se apaga.
Ela é, em última instância, a testemunha viva da dignidade humana em seu grau mais alto: a capacidade de guiar-se, corrigir-se e ascender, não por imposição externa, mas por fidelidade a uma verdade que pulsa no centro da própria alma.
Certa vez, eu tentava explicar a um interlocutor o caráter insubornável e não sugestionável da consciência, quando ele perguntou qual prova eu tinha desse caráter.
Enquanto conversávamos, mudei de assunto para que ele esquecesse o que estávamos dizendo sobre a consciência.
Perguntei-lhe se tinha filhos. Ele respondeu que sim, que tinha um menino de três anos. Então perguntei: “Por quanto você venderia o seu filho?”
Diante da pergunta, ele retrucou com desagrado e afirmou que isso aconteceria. Foi quando lhe disse: “Esse é o caráter insubornável e não sugestionável da consciência.”
Enfim, não consigo enumerar as vezes em que, ao obedecer aos ditames da minha consciência – que muitas vezes se antecipava às minhas ações – pude evitar cometer erros ou faltas.
