Outro dia, fui surpreendida com um trecho do livro Bases para Sua Conduta, que explica que é melhor não nos deleitarmos com as flores do elogio, pois, ao recebermos uma crítica, ela nos parecerá uma pedra enorme. O trecho vinha acompanhado de uma pergunta: o que é melhor, as flores ou as pedras? Respondi de imediato: as flores. Mas o autor do livro afirmou: as pedras são melhores, sem dúvida! No início, estranhei bastante essa resposta.
O que me fez mudar minha posição foi a explicação que veio em seguida: as flores nos adormecem e as pedras nos despertam. Custei a entender esse conselho. Mas, depois de muita reflexão , decidi dar-lhe crédito e comecei a ensaiá-lo na minha vida. E o que observei? Que, embora as pedras doessem no início, depois me levavam a refletir que as observações feitas sobre mim tinham um fundo de verdade. Às vezes, eram observações bem sutis: um olhar, um gesto, uma palavra deixada no meio de uma conversa. Nesses momentos, comecei a olhar para dentro e buscar o que, em minha conduta, poderia estar provocando aqueles sinais de que algo não ia bem. E, para minha surpresa, encontrei muitos pontos que passei a tratar como objetos de aperfeiçoamento.
Depois de vários ensaios nesse sentido, compreendi, finalmente, que as críticas me ajudavam a conhecer-me melhor e a rever meus próprios juízos sobre mim mesma. E, à medida que eu mesma reconhecia que algo não estava bem dentro de mim, eu me tornava mais dócil à modelagem: se errei, poderia tentar corrigir-me – e isso acelerava meu processo. Mais adiante, encontrei outro trecho do mesmo livro, que sugeria que os erros poderiam servir de princípio para os acertos, desde que eu identificasse suas causas e trabalhasse nelas para acertar mais nas próximas vezes. Essa compreensão reforçou ainda mais o valor das “pedras” para a minha evolução.