Família

O Passo Básico

junho de 2021 - 3 min de leitura
Família

O Passo Básico

junho de 2021 - 3 min de leitura

Entre as diversas formas de interação entre dois seres humanos, o namoro é uma das mais completas e instrutivas. Neste relato, Fábio Bicalho convida para uma dança pelas particularidades que tornam essa experiência afetiva tão especial para quem busca conhecer a si mesmo e alcançar novos estágios de evolução.

— Damas e cavalheiros, de frente para o espelho! Perna direita livre! Vamos lá: um, dois, três… …um, dois, três…

Sob esses comandos, proferidos suavemente pela professora, eu dava início a uma experiência audaciosa: aprender dança de salão. Já faz algum tempo que me impus esse desafio, e qual não foi minha surpresa, logo nas primeiras aulas, ao perceber que eu aprenderia ali muito mais do que alguns passos de samba ou forró.

Em especial, descobri nos movimentos da dança a metáfora de algo que a maioria de nós, cedo ou tarde, vive com expectativa e entusiasmo: o namoro.

Que relacionamento, afinal, não pode ser comparado a uma dança a dois? Em ambos os casos, o par deve ter objetivos em comum e demonstrar sintonia. Juntos, devem executar movimentos que, ao mesmo tempo, estejam de acordo com o ritmo dado pelas circunstâncias diárias e permitam viver de forma mais leve e prazerosa. Nas duas situações, os acertos são muito maiores e mais comemorados quando decorrem do esforço e do comprometimento dos dois lados.

Tal como a dança, o namoro implica compreender a linguagem do outro e aprender a expressar a própria; significa desenvolver a capacidade de conduzir e, em alguns casos, de ser conduzido. Exige prática e envolve, naturalmente, o cometimento de erros. Estes, por sua vez, podem ser o princípio de acertos futuros se forem encarados com o olhar de quem quer aprender e se superar.

Quem se sente inseguro encontra no namoro a oportunidade de desenvolver a confiança em si mesmo para, então, inspirá-la também em seu par. Para aquele que é rígido demais, é a chance de se tornar mais flexível e dócil às mudanças de compasso que, de tempos em tempos, a vida nos impõe. É, enfim, no namoro que se aprendem os passos básicos da convivência a dois.

É dessa forma que, depois de inúmeras cotoveladas e pisadas nos pés, os movimentos tornam-se naturais. O casal, agora mais desenvolto, parece preparado para arriscar passos de maior complexidade — e, acredite, eles nunca deixam de existir! Como nos relatam nossos pais, avós e amigos que já constituíram uma família, os desafios tornam-se maiores à medida que o tempo avança; em contrapartida, é animador saber que nossa capacidade de superá-los também se amplia, assim como a alegria por executar passos antes tidos como impossíveis.

Hoje entendo que, mais do que alterar o “status de relacionamento” nas redes sociais ou ter uma companhia assídua para as festas, o namoro deva assumir um sentido especial para o casal. São as situações corriqueiras do relacionamento, vividas à sombra dos holofotes muitas vezes proporcionados pelo convívio social, e, sobretudo, a experiência vivida no íntimo de cada um, que fazem do namoro uma oportunidade enriquecedora.

Que, em época de dia dos namorados, não nos limitemos à troca de flores e de bombons. Que o fato de se receber a honra de uma dança de tamanho significado seja, por si só, tido como o maior dos presentes e motivos de gratidão.


Um pensamento de

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