A vastidão do mundo interno me encanta e, ao mesmo tempo, me encabula. Vasto mundo, nas palavras de Drummond. Tão vasto e tão desconhecido… Pensamentos e sentimentos: todos habitam esse mundo.
Como viver uma vida sem dar importância – ou sequer se dar conta – de que existe dentro de nós um mundo a ser explorado, esquadrinhado e por cada um conhecido? Que riquezas há ocultas – e como acessá-las?
E o que nos impede cada um de nós de realizar os melhores sonhos e aspirações?
Nossa cultura não tem favorecido o autoconhecimento. Apesar de, a princípio, podermos ter certa dificuldade em acessar nosso mundo interno, de conhecermos com propriedade nossas qualidades e nossas deficiências psicológicas, é interessante observar como a constatação dessa realidade nos outros é bem mais fácil. Aliás, imputar a outros possíveis erros nossos é bem mais cômodo do que nos colocarmos como sujeitos de tudo o que praticamos. Identificamos os defeitos alheios com intrigante rapidez, em contrapartida com a lentidão na identificação e aceitação dos nossos próprios. Já pensaram a que se deve isso?
Tal “facilidade” em enxergar as imperfeições alheias e deixar veladas as nossas acaba por comprometer o autoconhecimento, pois seguir sem tocar na própria ferida é uma forma cômoda de não arregaçar as mangas e pôr-se ao trabalho no combate às deficiências.
Utopia ou realidade?
É possível, de fato, fazer mudanças na própria psicologia? Não ser mais impaciente, ou tímido, ou deixar de ser intolerante, por exemplo?
Através dos estudos logosóficos, tenho aprendido a identificar minhas próprias deficiências. E, para a Logosofia, deficiências são “causas determinantes da incapacidade e impotência dos esforços humanos na procura do despertar consciente nas altas esferas do espírito”.
É uma verdadeira empreitada de reconhecimento e encontro comigo mesma – e, mais ainda, de procurar me lapidar conforme realmente pretendo ser. Todo o trabalho realizado é legitimado pelos resultados colhidos.
Os resultados sempre sinalizam se o caminho eleito é bom ou não. O ponto de partida deve ser o real, e não aquilo que imagino ser. E, observando o surgimento dos resultados, vou experimentando em mim mesma a necessidade de ajustes para me adequar ao método logosófico, quando necessário, sob pena de, não o fazendo, permitir que a ilusão se instale e invalide os meus bons propósitos.
Na luta diária por me conhecer – meus valores e minhas deficiências –, vou percebendo, pelos resultados, que é possível me conhecer. Não é utópico; é trabalhoso. Mas o autoconhecimento proposto pela Logosofia se baseia nos grandes conceitos que devem reger a vida e, aplicando-os no dia a dia, vou me conhecendo, melhorando, evoluindo.
