O ser humano foi configurado para adquirir cada vez mais conhecimentos, ampliando a sua capacidade de atuação no mundo que o rodeia. O que isso significa? Que, quando foi criado, o ser humano foi concebido de forma que apenas o conhecimento poderia dar expressão à sua vida. Caso contrário, não se tornaria humano, pois foi dotado de inteligência e sensibilidade.
Contando com dois sistemas especiais, mental e sensível, configurados com faculdades, também mentais e sensíveis, o uso adequado desses sistemas e suas faculdades faz com que esse novo ser que chegara ao planeta pudesse experimentar algo muito diferente das demais espécies: a oportunidade de conhecer, aprender e evoluir.
À medida que pôs essas faculdades em uso, foi reconfigurando-se como um novo ser, dia após dia, afastando-se gradativamente de sua condição primitiva, ou, pelo menos, é assim que deveria ser, se não tivesse ocorrido também um total descaso pela maioria dos seres humanos para com todas essas prerrogativas que lhes foram concedidas.
Por isso, essa é a grande tarefa do educador da Pedagogia Logosófica: apresentar às crianças quem elas são e quais são as suas possibilidades; compreendendo isso, entender a importância de que evoluam gradativamente suas capacidades ao máximo por meio do estudo constante de tudo quanto for útil para si ou para os demais.
Estudar, estudar muito, aprender cada vez mais e com alegria, a fim de que aquilo que se aprende se imprima na consciência. Tarefa fácil? Quando olhamos o quadro geral da humanidade, observamos se as escolas conseguem isso com facilidade? A questão é: como fazer isso? Parece que os adolescentes e jovens, em sua grande maioria, possuem aversão ao estudo e cumprem apenas o necessário para serem aprovados nas provas às quais se submetem. Qual o segredo, então, para formar uma geração de seres estudiosos e que encarem essa atividade com alegria?
A Logosofia assinala que a cultura vigente falha pela base, sendo um grande problema a formação de conceitos alterados desde a infância, levando à confusão e ao caos. Portanto, devemos ensinar às crianças aquilo que queremos ver manifestar-se nos adolescentes, jovens e adultos.
A Pedagogia Logosófica, por sua vez, apresenta-nos recursos que formarão ainda na infância o gosto pelo estudo e a vontade de aprender com alegria e determinação, e a certeza de que isso é o melhor que se pode fazer. Dentre eles:
– Apresentar à criança, de forma lúdica e prazerosa, via entendimento, sua configuração humana, mental e sensível, para que saiba que possui uma mente muito poderosa, capaz de pensar, observar, recordar, refletir, raciocinar, entender aquilo que observa e criar muitas coisas úteis para a humanidade; saber também que tem um sistema sensível, capaz de se relacionar intimamente com aquilo que aprende. Esse aprendizado vai ampliar sua vontade de aprender — à medida que experimenta no íntimo de seu coração a alegria de adquirir um novo conhecimento.
– Mostrar a ela os grandes exemplos que temos na humanidade, os grandes pensadores que nos beneficiaram com o seu esforço e vontade de colaborar. Oportunizar que experimente gratidão por esses seres que tornaram nossas vidas mais agradáveis e amenas mediante o uso de suas inteligências e do cultivo de virtudes como a bondade em criar algo que não favorecesse apenas a si mesmos. E nesse terreno os exemplos são numerosos, pois nossa vida, ao longo de toda nossa trajetória, já foi muito facilitada pelos seres pensantes. A Logosofia ensina que: ”Essa elite humana, essa minoria estudiosa e capaz, é a que em todos os tempos beneficiou a humanidade, pois todos os grandes descobrimentos da ciência, todas as grandes diretrizes do pensamento, partiram sempre dessas mentes esclarecidas.”
– Estimulá-la para que perceba que todos nós podemos colaborar com a humanidade através do nosso esforço, pois fomos configurados com os mesmos recursos – recursos que necessitam ser desenvolvidos.
– Valorizar a capacidade que cada ser tem, mostrando que não existe apenas uma forma de estudar, e sim várias, tais como: lendo, assistindo bons vídeos, brincando, conversando com outras pessoas, visitando museus, fazendo viagens interessantes, utilizando a capacidade de observar, realizando experiências, ou seja, interessando-se por tudo aquilo que possa tornar a sua experiência de troca com o mundo ao seu redor mais rica e agradável.
– Permitir que em alguns momentos escolha temas que gostaria de aprender e realizar, a partir deles, as diversas maneiras de serem explorados, pois, para aprender, a criança precisa estar feliz.
– Compartilhar com ela que essa é uma busca de todos os seres humanos, inclusive do professor: aprender sempre, todos os dias, cada vez mais, pois o que se aprende não se perde e serve para todos.
– Analisar com ela a grande oportunidade que cada um tem de, após aprender, também poder ensinar — uma prerrogativa humana — e permitir que experimente esse dom de forma consciente, criando situações favoráveis.
– E mais: levá-la a compreender que nós, seres humanos, também somos objetos de estudo, visto que de nada adianta conhecer todo o universo que está fora de nós, se não conhecermos o grande universo que está dentro. Um universo cheio de possibilidades, mas ainda de interferências que precisam ser vigiadas — pois elas podem matar os nossos anelos de construir uma humanidade melhor e mais capaz.
É preciso levar a criança a perceber que, quanto mais estuda, mais conhecimentos adquire e mais pode contribuir positivamente para a sociedade de que faz parte, compreendendo que o conhecimento amplia a vida!