“Muitos se apresentam ante a Sabedoria Logosófica com um grande vazio que anseiam preencher…” (Do Livro Diálogos, p. 154)

Um vazio a ser preenchido

Quando eu era criança, lá pelos meus seis anos, eu comecei a perceber os movimentos do mundo ao meu redor. Algo dentro de mim observava a vida das pessoas em seus momentos felizes, cheios de alegria. Aquelas cenas, com seus gestos e sorrisos peculiares, me chamavam a atenção e deixavam algo em suspenso em meu coração. Uma estranha sensação que minha mente infantil não conseguia traduzir.

O tempo passou e a sensação silenciou para despertar anos mais tarde na adolescência. Novamente as cenas das pessoas alegres passaram a me chamar a atenção, porém, desta vez, já em posse de alguns recursos mentais, passei a pensar sobre o que era aquilo que eu sentia. E a resposta veio do próprio coração que inquiria: faltava algo naquelas cenas de alegria! Eu tinha a nítida sensação de que os seres não estavam ali em si mesmos…

E novamente o silêncio se fez presente, despertando de seu sono agora na juventude. A sensação de que algo faltava naquelas cenas ficou muito forte e junto com ela muitas questões começaram a se delinear na minha mente jovem:

Em busca do conteúdo para preencher a vida

E dei início a uma longa caminhada em busca de respostas. Li muitos livros, e quanto mais eu lia mais a sensação do vazio das vidas, inclusive a minha, aumentava. Como as respostas não satisfaziam meu jovem coração, eu continuava a busca, até chegar finalmente no caminho que me levaria a todas as respostas.

Este caminho encontrei em uma fase de grande felicidade em minha vida. Eu e meu esposo havíamos constituído uma família onde o amor sempre se sobrepunha a qualquer eventualidade. Os filhos constituíam o melhor de nós dois, eram nossa alegria, nosso futuro, nosso rumo… Mesmo assim, algo sempre faltava em meu interno!

Foi nessa época que conheci a Ciência Logosófica, porém a busca agora era para ser melhor mãe. A educação espiritual dos meus filhos me preocupava. O que eu iria oferecer a eles se eu mesma ainda buscava respostas?

Aos poucos, com os estudos logosóficos, fui entrando em contato com palavras de vida, palavras que explicavam diretamente ao meu coração o porquê da vida ser como é e qual a minha responsabilidade diante da mesma enquanto ser pensante, destinado a evoluir até a perfeição. Até a perfeição!? Seria possível?

Em meus estudos não encontrei respostas prontas como nos tantos livros que li, mas sim um caminho permeado de conselhos, normas, método e ensinamentos para o conhecimento de mim mesma: ali estariam todas as respostas que sempre busquei, inclusive aquelas que meu coração não havia ainda me falado…

Quanta ironia! Eu buscava fora o que só encontraria dentro! Justamente onde eu sentia o vazio!

E eis que fui me descobrindo nas palavras desse grande mestre! E aceitei, sem titubear, trilhar o caminho da evolução consciente proposto por ele. Quanto mais investigava, mais me encontrava, mais o espaço vazio ia sendo preenchido com vida, com verdades, com amor… Fui confirmando em mim mesma cada palavra ensinada!

Descobri-me um ser espiritual como todos os outros seres que percorrem os mundos colhendo experiências e forjando-se através delas. A diferença é que agora eu seguiria o caminho consciente dos passos dados, do rumo certo, das escolhas feitas, do porquê de tudo que existe.

Descobri que, além do corpo físico, eu tinha uma alma e um espírito a serem cultivados. Descobri forças internas ocultas, que nem sabia que as tinha. Descobri deficiências que deformavam minha psicologia e virtudes que embelezavam minha alma. Descobri as Leis Universais, que jamais devem ser violadas. E descobri finalmente Deus em cada partícula da Criação – animada e inanimada. Um Deus limpo, livre de qualquer artifício.

E, paulatinamente, o vazio sentido na infância foi sendo preenchido com conhecimentos. Seria a parte de Deus que habita em mim que me convidava a buscá-lo?