Sempre tive aquela vontade profunda de mudar o mundo! Desde o âmbito político e da qualidade de vida, até o ensino profissional e a educação moral e ética dos seres humanos. 

Diante de algumas experiências frustradas, sentia-me inútil por não conseguir mudar nem sequer meu país, vendo a coisa descambar cada dia mais. Isso tudo desgastava minhas energias e, em tal estado interno, conseguia resolver ainda menos… 

Sabe aquela frase: “Já arrumou seu quarto hoje?”. Então, observando minhas atitudes, questionei-me se estava arrumando meu quarto antes de querer sair arrumando a casa toda e, ainda, a casa de todo mundo… 

Como resolver os problemas da humanidade?

A maioria das pessoas tem uma predisposição inata para colaborar com os outros. Entretanto, só posso dar aquilo que tenho: como vou emprestar algo que não tenho a um amigo? Ou, como, então, poderia colaborar com meus semelhantes na arrumação de suas casas, se meu quarto está todo bagunçado? Como vou compartilhar um conhecimento, se não o experimento em minha própria vida?  

Finalmente, me perguntei: como posso resolver os problemas da humanidade que estão dentro de mim? E quais seriam esses problemas?  

Surpreendi-me com uma resposta a essa pergunta, que surgiu quando observei minha disposição de ânimo ao acordar. Estava num momento de muito trabalho, e o cansaço era tanto que eu já acordava esgotada e, às vezes, mal-humorada. Então refleti: se quero um mundo mais feliz e humano, não posso acordar de mau humor e disseminar este pensamento no meu trabalho, mesmo que eu tenha motivos para estar cansada. 

Ou, se quero resolver o problema de impaciência e intolerância dos seres humanos, preciso começar sendo mais paciente comigo mesma e com os demais, seja no trânsito, no trabalho, em casa. Também preciso tolerar mais os erros, tanto os meus quanto os das pessoas com quem convivo, sem presumir, inconscientemente, que eu sempre acerto! 

Além do mais, será que só o fato de eu querer mudar o mundo já basta? Estou me formando para a docência acadêmica, e me vejo muitas vezes falando daquilo que eu nunca fiz, mas, como está nos livros ou alguém estudou e descobriu, passo a informação adiante.

Embora tenha lá seus riscos, isso é lícito e até importante para avançarmos coletivamente na produção do conhecimentacadêmico, mas, tratando-se de conselhos sobre a vida espiritual, não posso apenas reproduzir algo que alguém me disse. Somente o meu exemplo provará que sei do que estou falando e que isso fará mesmo diferença para uma humanidade melhor.  

O que realmente importa na vida?

Cada dia mais, estou sentindo que os problemas normais da vida vão ficando mais simples de resolver, porque, ao exercitar-me em assuntos e problemas complexos, como os da existência do ser humano e da busca por um ideal superior para a vida, minha mente amplia sua capacidade, indo além dos limites que me havia imposto.

Assim, a vida toma outra proporção! Vai se tornando muito mais feliz e grata, porque o pensamento de viver em paz ganha força. 

Sim, é possível transformar o mundo, mas desde que essa transformação seja de dentro para fora. É preciso arrumar nosso próprio quarto primeiro!