Os estudos que tenho feito de minha psicologia, dos estados e modalidades que formam o caráter, proporcionam-me maior facilidade quando quero mudar o meu estado interno — por exemplo, se estou triste, posso com certa facilidade mudar esse estado para um estado alegre.

Não encontro a mesma facilidade quando se trata de uma modalidade, ou seja, a de mudar minha maneira de ser. O que me lembra da famosa frase, “eu sou assim mesmo, não dá para mudar” ou “pau que nasce torto, morre torto”.

Já que a modalidade é um osso duro de roer, tenho que começar a fazer alguma coisa com o meu estado de ânimo.

O ensinamento logosófico, a seguir, me fez entender a origem de um estado de irritação que experimento de vez em quando.

Tem origem em uma alteração psíquica e nervosa ocasionada por conflitos internos com os quais muito têm a ver o sentir e o pensar. Revela um estado quase permanente de desgosto e dá lugar a manifestações contraditórias do ânimo. González Pecotche

Essa alteração psíquica perturba o meu sentir e provoca um desequilíbrio mental que muda o meu estado sereno para uma conduta desagradável, impulsiva mesmo, que impossibilita medir as consequências dos impactos que produz no meu semelhante.

Observei que os motivos que levam às reações são mais aparentes que reais; entretanto, ainda há alguns que continuam me irritando, como é o caso das vezes em que estou tranquilamente estudando e o telefone me tira dessa tranquilidade, tocando várias vezes e com chamadas não identificadas e, de repente, eu me flagro esbravejando. Fico irritado, também, quando tenho que esperar por alguém que se atrasa por minutos. E o pior é que, quando a pessoa chega, ainda tem que aguentar a minha reação.

Segundo a Logosofia, a temperança é o “sedativo psicológico que modera as rudezas do temperamento até a sua total extinção”.

Felizmente nós, seres humanos, já nascemos com essa virtude, mas é preciso cultivá-la. O fato de já nascer com ela me tranquiliza, mas sei que devo estar atento ao meu interno para evitar que esses ataques indesejáveis da irritabilidade violentem o meu caráter e abatam o meu ânimo.

Já estou atuando para neutralizar a irritabilidade; sei que precisarei ser persistente no meu esforço, recordando o tempo todo que a temperança está dentro de mim e de invocar a sua participação para evitar desequilíbrios internos.

Agindo assim, eu tenho a certeza de que já estou dando os meus primeiros passos para não mais me irritar por qualquer motivo, aparente ou real.

Em sendo a temperança uma virtude conatural, seu possuidor a traz consigo como sinal de seu avanço na grande experiência evolutiva. González Pecotche