Um dia desses, fiz uma viagem no tempo! Sim, uma verdadeira viagem no tempo!
Antes de mais nada, façamos uma breve introdução, situando-nos no presente. Eu e meu marido somos casados há pouco mais de duas décadas e temos dois filhos. Conheci-o em um cursinho, após a graduação, quando, no intervalo entre o trabalho e as aulas, parávamos para fazer um lanche rápido. Vivemos muitas coisas desde então, mas… voltemos ao presente.
Por esses dias, estivemos naquela mesma lanchonete, no mesmo endereço, e ficamos ali por um tempo, como quando éramos namorados. Foi então que pude viajar no tempo. Durante alguns bons minutos, viajei nas asas da recordação e transportei-me para aqueles anos, quando sequer poderia conceber o caminho que nossas vidas tomariam em decorrência daquele encontro de espíritos.
Como estudante de Logosofia, um dos conceitos que aprendi é justamente sobre a união dos tempos. Ter consciência do que vivemos, conectando as partes desse tempo, é uma prerrogativa que nos permite ampliar a vida, dando sentido e continuidade aos vários fragmentos.
Além do mais, recordar o que deu causa ao que vivemos, como os primórdios de um relacionamento, auxilia a manter acesa a chama do afeto e da compreensão.
A vida a dois possui muitos segredinhos que, se bem aplicados, permitem que vivamos uma vida mais feliz. A vida contemporânea é agitada e cheia de obrigações. Equilibrar a vida familiar com a profissional, ou com outras demandas, pode não ser uma tarefa fácil. Se unirmos os tempos em que cuidamos da vida familiar, por exemplo, pode ser mais fácil dar um bom encaminhamento às questões familiares. Observamos a constância das atenções, o afeto entre pais e filhos, os objetivos comuns e o bem que nos une.
O autor da Logosofia ilustra esse tema com a imagem de um artista que, em determinados momentos do dia, desenvolve seu trabalho: uma escultura, um livro ou uma tela. Ao fim e ao cabo, terminada a obra, quem a admira não seria capaz de detectar ou precisar quando se deram as interrupções do trabalho, justamente porque a união dos tempos impede que a obra seja fragmentada e perca sentido.
É essa continuidade que dá unidade à obra, e assim também ocorre em nossa vida. Quando olhamos para o passado, alinhavado com o presente, conseguimos valorizar mais a vida, enriquecendo-a e também nossa consciência.
Se conseguirmos preencher nossa vida com tempos realmente bem vividos, ricos de sentido e dignos de registro, poderemos fazer muitas “viagens no tempo”, resgatando da consciência o sentido de termos vivido uma vida que tenha valido a pena!