No último verão, recebi umas amigas muito queridas que iriam passar alguns dias na minha casa. Ansiosa, fiz um esboço da nossa programação na qual tentei encaixar várias atividades para que elas aproveitassem ao máximo o tempo delas ali. Nessa programação propus a elas o desafio de fazer uma trilha. Sugeri animada uma trilha entre duas praias que eu já havia feito que, apesar de saber ser muito longa, tinha paisagens incríveis ao longo de seu trajeto e elas, então, toparam.
No dia da trilha acordamos bem cedo antes mesmo do sol nascer. Organizamos nossas mochilas, passamos protetor, separamos a comida e água para o dia e fomos para o ponto de ônibus. Ao longo do trajeto, de mais de uma hora, fomos colocando o papo em dia e deixando o sono, aos poucos, de lado. Olhando pela janela o dia lindo de sol, perfeito para fazer trilha, só conseguia sentir gratidão e felicidade pensando em como aquele dia seria bom.
Assim que descemos do ônibus, fomos direto para trilha, já que queríamos retornar antes de escurecer. Logo no início, na parte mais íngreme do trajeto, comecei a me questionar se tinha sido uma boa ideia, já que estávamos todas muito ofegantes.
Esse pensamento, entretanto, já se dissipou após superarmos essa parte difícil no meio da mata e notarmos que a praia de qual a trilha iniciava já estava distante de nós. Percorremos um bom trecho, ora por entre as árvores, ora sob o sol, sendo contempladas pela visão do mar que costeava todo o nosso trajeto.
Um pouco depois de alcançarmos a metade do caminho, sentamos em uma pedra na beirada da trilha e, com o vento em nossas faces suadas, sob o sol do meio dia, paramos para almoçar. Tudo corria bem até então, quando, terminando o almoço, uma dessas amigas manifestou que achava que não conseguiria continuar a trilha porque estava cansada e com dor, logo se desculpando. Olhei para ela rapidamente para conferir se ela estava falando sério e ela realmente estava.
– “Nossa, mas ainda nem chegamos no final, na outra praia que é muito bonita. O que adianta vir até a metade? Estava indo tudo perfeitamente bem até agora. Estamos com tudo preparado para irmos adiante: água, comida, … eu sabia que essa trilha era difícil, não deveria nem ter sugerido. Foi uma perda de tempo.” – Foi a reação inicial que se passou na minha mente, provocando em mim raiva.
Porém, assim que observei esse movimento que surgiu, uma outra voz interna logo o confrontou:
Nesse momento, respirei fundo e, olhando a imensidão azul do mar distante abaixo de mim, percebi que diante da observação dessa situação interna eu teria uma importante decisão para tomar que poderia interferir em como o resto do dia iria transcorrer: agir de acordo com os primeiros pensamentos tumultuados que surgiram ou agir de acordo com a outra voz, mais serena e lógica que se manifestava.
Não tive dúvidas. Tomei as rédeas da minha vida e me esforcei muito para não deixar que aqueles pensamentos iniciais interferissem de maneira alguma na forma como eu agiria de ali em diante, superando-os. Decidi que não iria deixar aquilo, tão pequeno, abalar o dia tão bom que estávamos vivendo.
Retornamos à praia em que a trilha começava, e ali ficamos o resto do dia, deitadas na areia, debaixo do guarda-sol de um restaurante, tomando água de coco, felizes, descansando. Percebi como facilmente eu poderia ter atuado de modo automático, deixando de aproveitar tanto dia e criando um clima desconfortável entre eu e minhas amigas, caso eu não estivesse atenta e modificasse minha conduta.
Venho aprendendo com meus estudos logosóficos que só assim, estando mais consciente e observando como os pensamentos atuam em minha mente, é que eu posso realmente afirmar que estou no controle das situações e por consequência, no controle da minha própria vida.
estando mais consciente e observando como os pensamentos atuam em minha mente eu posso afirmar que estou no controle da minha vida