Certo dia, no caminho de volta para casa, depois de um dia rotineiro no trabalho me perguntei: é isso que eu gostaria de fazer pro resto da minha vida?
Naquele momento minha mente ficou vazia, senti que os pensamentos não tinham continuidade, não consegui perceber o sentido da minha vida no que estava realizando.
Pensei: opa, mas e aí, o que isso quer dizer? E todo o investimento que fiz na minha vida para chegar até aqui? Devo simplesmente abandonar tudo? Novamente um vazio, sem respostas. Por um tempo essas perguntas ficaram na minha mente. Foram dias e dias nessa mesma rotina: trabalho durante o dia, e na volta para casa questionamentos sobre a vida que estava vivendo.
Será que ser uma profissional exímia, dedicada integralmente a minha profissão é o que realmente necessito realizar nessa minha vida? É o que eu busco como objetivo de vida?
Afinal, qual é o meu objetivo de vida?
Fui tomada por uma multidão de pensamentos, todos querendo ganhar espaço ao mesmo tempo. Confesso que fiquei muito confusa, não conseguia identificar qual era o meu verdadeiro querer e nem o que todos esses questionamentos significavam. Foi então que, já aborrecida, optei pelo fácil e resolvi deixar todos os outros pensamentos de lado.
No dia seguinte dessa decisão de deixar tudo para lá, no caminho de volta para casa, fiquei aliviada pois aqueles pensamentos não me importunaram e assim se manteve por alguns dias. Quando estava confiante de que tudo havia ficado para trás, eis que surge, no caminho de volta para casa, um despretensioso pensamento ganhando espaço:
Foi então que, movida pela vontade de resolver essa confusão, decidi colocar ordem em minha vida, resolvi chegar em casa e colocar em um papel todos os pensamentos que estavam em minha mente.
Estava uma bagunça, demorei muitos dias e empenhei muito estudo para entender o que estava acontecendo. Fui respeitando cada descoberta sobre o que estava me causando tantas dúvidas. Até que os questionamentos eram importantes, mas misturados a eles havia pensamentos disfarçados tentando atrapalhar as minhas reflexões.
Foi um trabalho enorme separar os pensamentos que estavam me incomodando dos que estavam me estimulando a buscar as respostas. Constatei que grande parte desses pensamentos eram impostores, deficientes, alheios ou resquícios de crenças e culturas das quais acreditava que já não faziam mais parte de mim.
Cheguei a um ponto crucial! Já havia identificado muitos pensamentos e situações que estavam me incomodando, mas percebi que para continuar com o meu trabalho era preciso entender qual é, e também o que busco como objetivo de vida. Notei um silêncio em minha mente ao fazer essa reflexão, não mais um vazio como antes. Foi um momento de serenar para buscar as respostas.
Refleti que era necessário fixar um propósito de vida, como um norte, para orientar as minhas decisões e poder governar minha própria vida livre dos pensamentos que identifiquei como causadores de tantos problemas. Mas como fazer isso?
Pelo que venho estudando, compreendi que para eu conseguir traçar um objetivo de vida eu preciso conhecer a mim mesma. Somente é possível tomar decisões conscientes quando sei o que busco e organizo os meus pensamentos de acordo com o que eu realmente quero.
Entendi que devo buscar todos os dias realizar coisas que são permanentes e direcionar os meus pensamentos para esse propósito, sabendo eliminar os pensamentos que não servem para esse fim.
Se busco causas permanentes e empenho para saber o que é eterno em minha vida, as minhas escolhas serão direcionadas para o caminho que mais está de acordo com esse objetivo, identificando os pensamentos que mais se aproximam do meu propósito de vida e que me trazem felicidade.
Hoje vejo que aquele caminho de volta para casa ganhou outra proporção. Deixou de ser apenas um retorno para o lar para ser um caminho de volta para uma parte mim que busca o eterno, um sentido permanente para a minha vida.