No início da década de 1990, tive contato com um livro de Logosofia e, ao realizar sua leitura, devolvi a quem me emprestara, não sem um pequeno pesar, por ter a sensação de que não alcançara compreender seu conteúdo. Alguns anos mais tarde, li um segundo livro dessa ciência e senti interesse em conhecer seus fundamentos. Naquela época, buscava elementos para a educação dos meus filhos; afinal, a educação que eu recebera e o que conhecia de outros educadores não preenchiam a necessidade sentida por mim em me tornar uma mãe melhor, bem como acalentar minhas próprias inquietudes sobre a vida por exigirem respostas que eu ainda não encontrara.

Oportunamente, fiz contato com a Fundação Logosófica local e solicitei informações a respeito de seus objetivos. Com o intuito de conhecê-los, fui lendo outras obras do criador da Logosofia. As leituras me proporcionaram identificação com o que eu sempre buscara para minha existência e, diante da possibilidade de evoluir como ser humano, intuí que esta jornada agregaria um legado de valores morais e éticos superiores para serem compartilhados com meus filhos.

Inicialmente, fui incitada por estímulos maternais e, mais tarde, despertei para um ideal de vida — não apenas na arte de aprender, mas também na de ensinar¹; e não ensinar apenas aos meus, mas conquistar tempo e conhecimentos para a docência logosófica. Docência esta que estende benefícios a todos os seres que estejam dispostos a realizar este processo de evolução consciente. Por conseguinte, nessas duas décadas de aprendizagem e prática, exercito o pensar em vez de crer e, diante dos fatos que antes eram mantidos intocáveis por uma cultura dogmática e intelectualmente repressiva, dou-me a oportunidade de fazer novas reflexões sobre condutas e tradições, inquestionáveis até então.

Como estudante e colaboradora voluntária da Fundação Logosófica da minha cidade, comprovo simultaneamente a expansão desta cultura nas conquistas físicas, ou seja, na construção de sedes para adultos e colégios para a infância e juventude, bem como nos relatos de experiências positivas daqueles que experimentam esta nova forma de conceber a vida. Outrossim, os conceitos que norteiam minha conduta são oriundos da prática das ideias e das diretrizes sugeridas pelo método logosófico, direcionadas ao conhecimento humano em sua tríplice configuração: biológica, psicológica e espiritual.

Nessa perspectiva, hoje me guio em busca das causas que originam minhas atuações, sejam elas positivas ou não, porque diante das primeiras tenho a prerrogativa de aperfeiçoá-las, e, diante das segundas, de me redimir perante minha própria consciência. Inegavelmente, como ser humano, tenho usufruído do incomparável valor que assume o benefício do aperfeiçoamento e, por consequência, na necessidade implícita de que todo bem alcançado seja propagado à humanidade mais próxima.

Hoje, como mãe, desfruto de inúmeras alegrias e sigo acompanhando as experiências de meus filhos, já adultos, permitindo-lhes sempre que sejam responsáveis pelas próprias escolhas e pelas alternativas de sua evolução. Enfatizo, enfim, que a maior lição apreendida nos anos de estudo desta ciência é que o amor materno inegavelmente transcende outros amores, porém não garante aos filhos proteção diante das imposturas do mundo. Asseguro que são necessários conhecimentos de outra índole para que cresçam exercendo a própria liberdade de pensar e sejam o prenúncio de gerações mais felizes.

 

¹ Pecotche, Carlos Bernardo González

Livro Introdução ao Conhecimento Logosófico

3a edição – 2011

Editora Logosófica