Certa vez, numa conversa com um amigo, ele me falou assim: “Karen, eu não te entendo”.
Sabe qual foi a minha resposta? “Nem eu!”.
Esse diálogo poderia ter passado despercebido por sua simplicidade, porém algo me incomodou. “Como assim, se nem eu mesma me entendo? Porque às vezes eu penso uma coisa, mas depois faço diferente?”
Pois é, essa reflexão me impulsionou a buscar conhecimentos sobre a minha psicologia, até que conheci a Ciência Logosófica. E sabem o que mais chamou a minha atenção? Foi ter um “como”, ou seja, um caminho para poder mudar, um método, uma técnica para enfrentar as deficiências psicológicas.
Ao estudar o método que Raumsol apresenta, entendi que eu deveria aplicá-lo de verdade na minha vida, sem ficar apenas na teoria. Selecionei então uma circunstância específica para trabalhar, para colocar a “mão na massa”, uma circunstância que eu estava vivendo repetidamente. Eu diria que esse foi o passo número um: observar os meus pensamentos para identificar os inimigos que eu tenho dentro de mim.
No decorrer do tempo, fui fazendo uma lista dos pensamentos que exerciam uma forte pressão sobre a minha vontade; melhor dizendo, aqueles pensamentos que me levavam a fazer uma coisa diferente do que eu queria, do que eu havia me proposto. Anotar os pensamentos ao longo do dia, nas diferentes horas do dia, foi uma estratégia importante para construir essa lista.
Algumas perguntas me ajudaram nesse primeiro passo: qual a intenção desse pensamento? O que esse inimigo rouba da minha vida? Como ele se apresenta no meu dia a dia? Que prejuízos ele me causa?
Era como se eu estivesse passando um scanner na minha mente para ver o que tinha ali e tentar identificar os traços típicos das deficiências psicológicas. Vou dar um exemplo de alguns traços que identifiquei: postergação, despreocupação, inconstância, desobediência, falta de vontade.
O trabalho, até aqui, foi o de diagnosticar. Por meio de perguntas que me fiz sobre esses pensamentos, pude localizar uma deficiência psicológica, a forma como ela se apresenta, sua intenção, a sutileza como atua no meu dia a dia, e assim estabeleci a maneira e a dimensão com que me afeta, ou, ainda, o grau de prejuízo que me causa.
Com o diagnóstico em mãos, é chegada a hora de enfrentar as feras mentais!
Como falamos no conteúdo passado, para cada deficiência psicológica há também uma antideficiência. O trabalho então passa por conhecer esse pensamento específico (a antideficiência), manter o propósito de superação inalterável e ter atenção sobre a conduta, “que há de ser paulatinamente adaptada às demandas da antideficiência”.
Assim, eu começo a exercitar a pontaria para acertar a fera. Vou aplicando esse pensamento com assertividade, de maneira progressiva, substituindo um pensamento negativo por um bom, por uma virtude.
Essa técnica assinala ainda um aspecto muito importante a saber: “a ação combativa (da deficiência) deve ser constante, exercida não com brusquidão, mas com firmeza e resolução”. Então aprendi também que devo me conduzir dessa forma, com constância, firmeza e resolução, porque na natureza nada dá saltos e tudo está em perfeito equilíbrio e harmonia. Ah! E não nos podemos esquecer da valiosa ferramenta que é a observação.
A estudante de Logosofia Luiza Carlotto Dala Rosa precisou vencer a “falta de vontade”, e neste relato explica como fez para identificar a “fera”, neutralizá-la e, só assim, realizar aquilo que se havia proposto viver.
Vencer os inimigos que temos de nós é um propósito individual, onde cada um deve enfrentar as próprias lutas para evoluir. No entanto, aquele que trava com sucesso essas batalhas vive a prerrogativa de criar ao seu redor um “círculo virtuoso”, compartilhando, assim, os louros da vitória com aqueles com quem convive de maneira mais próxima, como a família, os amigos e os filhos.
Neste vídeo, uma mãe, que estuda Logosofia, descreve como seu esforço em ser melhor se reflete de maneira muito positiva na educação dos filhos.
Por tudo isso, aprendi que pau que nasce torto morre torto apenas se quiser. Descobri, com a ajuda dos ensinamentos logosóficos, que posso vigiar esse mundo invisível que existe em mim (o mundo dos pensamentos) e me antecipar aos seus movimentos (sugestões) toda vez que eu for viver aquela circunstância. Descobri ainda que, para identificar as deficiências psicológicas, é importante vigiar minha própria conduta. Se isso estiver muito difícil, posso observar os meus semelhantes, buscando, porém, em vez de julgar, identificar como aquele defeito observado atua em mim.
E, para reforçar, é muito importante manter os registros sobre o resultado das observações que faço sobre as minhas atuações, já que confiar na própria memória nem sempre é uma conduta prudente.
Na sequência, vamos falar sobre como classificar as deficiências e por que isso é importante para o propósito de superá-las.