A partir de um determinado tempo, as características da pessoa com a qual convivemos vão se tornando visíveis, e com isso é possível perceber coisas que até então não havíamos nos dado conta no outro e em nós mesmos. 

Por um momento parei para observar as características dos meus pensamentos, e me deparei com alguns úteis e outros inúteis. Acabei me detendo nesses últimos e percebi que muitos deles não me faziam bem, não me pertenciam e o que é mais importante: eram alheios, ou seja, não haviam nascido em minha mente.  

Há um tempo, eu e uma pessoa muito próxima iniciamos um curso. Tornou-se quase como um hábito falar da professora depois que terminava a aula. Pude observar que partia dela a reclamação e que eu, automaticamente, sem pensar, acabava “entrando na dela”. Era como se eu concordasse com aquilo que ela falava. 

Depois de um certo tempo, senti que não era aquilo que eu queria expressar a respeito da professora e não era esse o meu pensamento. Comecei então a anotar alguns pensamentos, a excluir aqueles que não me faziam bem, a pensar antes de falar, e quando entrava no assunto eu trazia um aspecto bom da aula, afinal eu poderia trazer para nossa convivência algo bom e fazer com que a convivência durante as aulas também fosse boa.  

Depois de me dedicar algum tempo tentando identificar os pensamentos na minha mente, encontrei que muitos pensamentos alheios estavam no governo da minha vida, das minhas atitudes, das minhas ações. Dei-me conta que só uma pessoa poderia mudar esse cenário: eu mesma, quem agora estava no controle. 

Você já se perguntou o que é ser dono de si mesmo? “Quem não conheça como atuam os pensamentos e não saiba diferenciar os alheios dos próprios não poderá, a nosso juízo, alegar que é dono de si mesmo e, por conseguinte, de sua vontade, já que o governo de sua mente será sempre compartilhado, por pensamentos que não são seus.” Assim ensina Carlos Bernardo González Pecotche em sua obra (Coletânea Revista Logosófica I). Pecotche foi o criador da Logosofia, ciência que promove a evolução consciente através do conhecimento de si mesmo. 

Percebi vivendo essa situação que é difícil identificar um pensamento alheio, mas continuar sem pensar não é o caminho. Não se pode esperar que os outros pensem e governem nossa vida. Aprendi que deve partir de mim a mudança na maneira de pensar, e que pensamentos edificantes fazem bem para o meu aperfeiçoamento e para nossos semelhantes.