“Pense, fale, compre, beba, leia, vote, não se esqueça …”

No início de minha adolescência uma música lançada pela baiana Pitty me deixou inquieto. Os toques na bateria e o grave da guitarra entravam em ressonância com meu interno e mexiam ainda mais com o que eu pensava. Talvez fosse apenas mais um garoto descobrindo um novo gosto musical. Ou talvez fosse o início de uma fase ‘rebelde’ onde a minha personalidade começou a bater de frente com certas linhas de pensamento.

Quem tira a minha liberdade?

“Como é possível deixar que alguém nos diga o que temos ou não de fazer? Aonde está nosso direito de escolha?” – questionava esbravejante em minha mente revoltado por não ter o direito de exercer minha própria liberdade. Me revoltava com o fato de outro alguém ter o controle de dizer o que eu poderia ou não fazer!

E quanta incoerência tinha aquele garoto… Ninguém nunca havia me privado de expressar meus pensamentos e opiniões, nem mesmo me proibido de ir a um ou outro lugar, ou até mesmo de sair com um ou outro colega de escola. A única pessoa que me impedia de fazer o que eu gostaria era eu mesmo, emudecido pela própria timidez.

À medida que fui crescendo, fui melhorando essa timidez e o pensamento de revolta foi, pouco a pouco, se convertendo em motivos de conversas com os amigos e familiares e fui formando meu próprio conceito do que era certo ou errado, do que eu era obrigado a fazer, e do que eu tinha a opção de fazer ou não. À medida que fui crescendo, fui conhecendo a verdadeira liberdade.

“Trabalhar, estudar, malhar, beber, farrear, curtir, descansar.”

Já adulto, o garoto revoltado com alguém definindo o que ele iria fazer sofre o imperativo do mundo atual. Como podem tão poucos verbos definir tão bem a vida de tantas pessoas? Como podem tão poucos verbos definirem a minha própria vida e mesmo assim meu tempo ser tão escasso?

Assim passava os meus dias, fazendo tanta coisa, e que se resumiam a palavras que se contam nos dedos das mãos.

A transformação dos poucos verbos

Descobri na Logosofia uma nova forma de ver minha própria vida e encontrei nela a resposta desses questionamentos. Para a Logosofia, o governo da vida de uma pessoa é exercido por um ou vários pensamentos que formam um desejo, levando-o a satisfazer a suas exigências. E enquanto não se conhece os pensamentos que ocorrem na mente, não se pode alegar que é dono de si mesmo.

Para governar minha própria vida, é necessário que eu tome o controle dos meus pensamentos e que eu esteja consciente das minhas atitudes. Preciso saber o que vou fazer, para que vou fazer, e quais são as consequências a curto, médio e longo prazo desses atos em minha vida.

Fui aos poucos conhecendo quais eram esses pensamentos que habitavam essa mente, o que me permitiu definir quais eu gostaria de manter e quais eu gostaria de trocar. Os poucos verbos foram gradualmente se expandindo e tomando uma nova forma. Ganharam predicados, razões para estarem em minha mente, finalidades, e ganharam também outros companheiros.

É preciso retomar o governo da própria vida através do controle dos pensamentos através de uma seleção afinada, seguida pela substituição daqueles que não me servem. Se eu quero ser produtivo, por exemplo, eu devo deixar de lado os pensamentos de distração e preguiça e realizar um esforço para fazer cada vez mais e melhor. É um processo longo e contínuo, mas é muito gratificante ser o dono da própria vida.