A Logosofia propicia muitos benefícios à vida humana, e quiçá o principal seja conduzir o homem pelo caminho da evolução consciente, em um processo muito falado —mas pouco conhecido — do despertar da consciência. 

Mas o que é esse despertar da consciência? 

E como podemos evoluir conscientemente? 

Naturalmente que a resposta a essas perguntas é muito profunda e deve ser encontrada dentro de cada um, como fruto do seu estudo, observações e experiências. A resposta de um terceiro careceria de virtude, pois é justamente no processo de respondê-las por si mesmo que todo o potencial psicológico do homem é gradualmente ativado. 

O despertar da consciência é promovido por uma sucessão de pequenos despertares, propiciados por cada verdade que toma contato com a consciência. 

Gostaria de trazer um exemplo de um conhecimento que promoveu em mim um pequeno despertar. Ele está no Livro Diálogos, na página 21. Seu título é

De como ordenar os tempos de nossa existência física e viver várias vidas em seu curso.

Nesse texto, Raumsol, criador da Logosofia, explora o conceito dos tempos de metade. 

Ele ensina que a nossa vida pode ser dividida em diversas vidas para ser melhor ordenada — os chamados “tempos de metade”. E essa divisão nos permite tomar maior consciência do que ocorre em cada uma dessas vidas, de como elas estão evoluindo e, principalmente, que obra posso construir em cada uma delas. 

Posso dividir a minha vida, por exemplo, nos seguintes aspectos: 

  • Vida familiar 
  • Vida amorosa 
  • Vida do trabalho 
  • Vida com os amigos
  • Vida esportiva 
  • Vida do estudo 
  • Vida espiritual 

Tomando a vida do trabalho, por exemplo, devo primeiramente me perguntar, com toda sinceridade, se o que realizo hoje como profissão é realmente o que eu gostaria de fazer — se e o quê, anos antes, pensei e senti que estaria fazendo é o que faço atualmente. 

Caso a resposta seja sim, que ótimo! 

O que me conduziu a isso? Quais foram as atitudes que tomei para chegar  a essa posição profissional? Quais experiências adversas me levaram a aprender lições valiosas, mediante as quais o conhecimento experimental me foi outorgado? 

Quais as experiências felizes que me encheriam de energia e estímulo, para que eu pudesse continuar no caminho traçado? 

Se eu tenho respostas para essas perguntas, significa que tive algum grau de consciência ao longo do caminho. E para a frente, o que eu quero alcançar? Tenho consciência do que busco e do que quero realizar nesta vida? Temos que dar prosseguimento à obra. 

Agora eu quero propor uma reflexão mais profunda.  

Eu comecei o exemplo pelo trabalho, pois na cultura vigente ele é a vida mais estimada, colocada muitas vezes acima de Deus, acima da família e acima até mesmo da própria saúde. É a vida para a qual as escolas tradicionais nos educam para viver, e o sucesso de uma pessoa normalmente é medido olhando para sua projeção profissional. 

Eu tenho consciência das outras vidas como tenho consciência da vida do trabalho? 

Tendo o ser humano sido criado para viver em comunidade, com todas essas vidas que relatei acima, é correto que ele anule todas as outras para viver somente uma delas? 

Essa é a razão por que muitas vezes, quando uma pessoa perde o seu trabalho, parece que perdeu a sua vida. Não vemos o caso de grandes executivos que entram em depressão quando se aposentam?  

Isso não acontece somente com o trabalho, mas com qualquer vida que esteja em desequilíbrio. Um exemplo evidente é o daqueles que colocaram um caso amoroso acima de tudo e, quando o namoro termina, agem como se a vida também tivesse terminado. 

O homem deve então organizar suas diversas vidas, equilibrá-las e ter consciência do que pode alcançar em cada uma. 

Como um bom jardineiro, estará cultivando todos os jardins de sua morada, e, quando algo aconteça em um deles, já encontrará ali o outro jardim bem cuidado, trazendo felicidade e ajudando a neutralizar os problemas e obstáculos vividos. 

Essa organização da vida, que para ser realizada deve ser acompanhada pela organização do sistema mental, traz equilíbrio, paz e um maior rendimento nos frutos que cada vida pode nos proporcionar. Quem pode negar que uma empresa que segue processos de gestão e controle financeiro não renderá mais do que uma que negligência esses procedimentos? 

Organizando as vidas, estabelecendo nossos propósitos e registrando as experiências que vivemos em cada uma, podemos ampliar nossa consciência do que vivemos e do porquê de as vivermos.  

Cada experiência vivida nos traz uma lição a aprender, e esses elementos, por sua vez, nutrem a vida que une todas as demais: a vida que permanece após o ser físico deixar de existir, a vida que, ao tomarmos consciência, leva-nos a perceber outras realidades da existência: a vida espiritual! 

E você,  já abriu tempo para viver essa vida?