Parecia uma manhã como todas as demais. Ônibus cheio, muitas pessoas de pé! E eu, sentada num dos bancos, olhava absorta a vida lá fora, atraída pela paisagem daquele trajeto de todos os dias. Contudo, uma pergunta de uma passageira, que me parecia aflita, trouxe-me “de volta” ao ônibus: – Você sabe onde fica a Rua das Margaridas? Indagava ansiosa uma jovem de pé, ao meu lado: – Preciso saltar do ônibus próximo a essa rua!
Rua das Margaridas?…, Parecia-me que já tinha ouvido esse nome em algum lugar. Mas, na incerteza, apenas respondi: Acho que estamos perto, mas não sei ao certo. Não sei em qual ponto do ônibus você deve descer.
Ao ouvir-me, a jovem completou: – Se estamos perto, é melhor descer do ônibus logo, senão posso me perder neste bairro! E assim fez, acotovelando as pessoas que dificultavam sua passagem, dirigindo-se à porta de saída.
Da janela, recordo que ainda vi a jovem saindo do ônibus apressada, com um papel nas mãos, interpelando as pessoas com quem encontrava. Cerca de uns 500 metros adiante, cheguei ao ponto em que deveria descer, ainda inquieta com a indagação da jovem: Rua das Margaridas… Já ouvi falar dessa rua mas não sei onde fica…
Enquanto caminhava em direção à escola onde eu trabalhava, movida pela pergunta da jovem, que continuava ecoando em mim, passei a observar os nomes das ruas por onde eu passava diariamente. E… Oh! Não é que eu estava justamente na Rua das Margaridas?! Como era possível que eu, passando todos os dias naquele trecho, nunca me interessei em saber o nome daquela rua! E, como resultado dessa indiferença, perdi a oportunidade de ajudar aquela jovem na busca do endereço que procurava!
Essa fração de minha vida comoveu-me profundamente. Dava-me mostra da dimensão da minha falta de interesse e do quanto poderia ter contribuído com outro ser humano num momento de aflição e necessidade!
No final do dia, ao chegar em casa, li um trecho do livro Bases Para Sua Conduta que imediatamente associei à vivência que acabei de relatar.
González Pecotche, o autor desse livro, ensina num determinado trecho:
“Dedique todo tempo livre a aprender o que não sabe, e faça-o logo, como se fosse necessitar disso num futuro imediato. Aprenda até os misteres mais insignificantes. Ser-lhe-á grato, depois, saber que pode fazer tal ou qual coisa; mais ainda se, para ajudar a alguém, você se visse circunstancialmente obrigado a lançar mão disso”.
Compreendi que todo conhecimento é útil; que devemos buscar o saber em todos os campos da vida; que devemos nos interessar por aprender sempre, pois, ainda que não vejamos uma utilização imediata daquilo que aprendemos, abrem-se oportunidades de praticar esse conhecimento no auxílio aos demais.
Fiz dessa compreensão um norte para minha vida, interessando-me pelo saber e situando-o como um poderoso estímulo conduzindo-me em sua conquista!
Se uma simples informação, como foi o caso de “Onde fica a Rua das Margaridas?”, já me proporcionaria a oportunidade de fazer um bem, que dirá um saber que me conduz ao encontro de meu próprio ser! Que dirá um saber que me revela as causas do comportamento humano e das características que cada um apresenta em sua psicologia! Que dirá um saber que me situa no seio da Criação e me conduz ao encontro do Criador!
Assim vivo minha vida, cultivando, em especial, o saber que preenche o verdadeiro significado da vida! Precioso saber que a Logosofia tem me conduzido a transformar minha própria vida num riquíssimo campo de aprendizagem!