As leis universais são as que sustentam os pilares da Criação e animam a vida de tudo o que existe. Uma dessas leis é a de igualdade.

Algo que tem chamado muito minha atenção na sabedoria logosófica é justamente a originalidade do conceito de igualdade.

“A igualdade é uma lei inexorável, e deve se entender que, como tal, não pode violar outras leis, pois todas se complementam, fazendo possível o equilíbrio do Universo.

“A lei de igualdade significa, então, que as mesmas perspectivas vigorarão para aqueles que se achem em iguais condições, e que eles poderão desfrutar os mesmos direitos e prerrogativas enquanto não exista alteração no ponto de igualdade em que temporariamente se encontrem.” Coletânea da Revista Logosofia Tomo II, p. 109.

Estou aprendendo que devo evitar comparações com os outros, comparando-me somente comigo mesma. Partimos de pontos diferentes, temos heranças diferentes, vivemos em contextos diferentes e fazemos esforços diferentes, portanto, não podemos ter resultados iguais.

Observar os demais pode ser um estímulo para que eu também faça esforços e me supere, mas não pode ser um sofrimento ou uma cobrança. Esse elemento tem me propiciado importantes experiências comigo mesma e com os demais.

Observo essa realidade em diversas situações em minha vida. Ao recordar de alguns colegas de escola, por exemplo, que por alguns anos estiveram em condições de igualdade comigo, concluo que a comparação seria injusta. Muitos não tiveram a mesma oportunidade de ter uma família estruturada que os acompanhasse. Precisaram trabalhar desde muito cedo, não conseguiram estudar na mesma universidade que eu e hoje se encontram em uma posição profissional muito diferente da minha.

Quando fui mãe, morava em outro estado, distante de toda a família. Meu esposo tampouco tinha familiares na cidade. Tive dificuldades em retomar minhas atividades, pois não tinha alguém de confiança que cuidasse de minhas filhas. Uma colega foi mãe na mesma época e rapidamente voltou ao trabalho. Um dia, observando a facilidade dessa colega, senti-me mal e me cobrei a mesma desenvoltura e frequência. Depois, refletindo melhor, compreendi que não poderia me comparar com ela, que contava com a ajuda de vários familiares que moravam próximos, além de morar muito perto do trabalho.

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Um dia uma de minhas filhas comentou aborrecida que alguns colegas tinham conseguido nota total na prova, e ela não. Apesar de ser muito estudiosa e esforçada, ela apresenta uma dificuldade de aprendizagem que exige dela muito mais esforço que a maioria dos colegas. Portanto, não existe igualdade de condições e a comparação não é conveniente. Recordei-me imediatamente desse elemento e disse a ela:

Você deve comparar-se a si mesma e não aos demais. Você tem feito muito esforço e está melhorando a cada dia suas notas. Está aprendendo mais, e é isso que importa. Alguns colegas podem ter tirado notas melhores nesta prova, mas você faz melhor outras coisas, como desenho, por exemplo, em que você é muito boa. Todas as pessoas são diferentes; devemos respeitar as diferenças e não sofrer com elas.

Tendo como arquétipo o máximo, ou seja, a perfeição, deveremos tentar nos igualar através da superação. A igualdade nunca deve ocorrer no sentido oposto, ou seja, o máximo se igualar ao mínimo. Enquanto percorremos esse caminho, cada um estará no degrau correspondente a seu esforço, suas condições e sua herança.

O conceito logosófico é, portanto, muito mais amplo que o comum, pois está intimamente ligado ao de existência e não apenas de uma etapa de vida. Cabe ao ser humano realizar sucessivos períodos de evolução até sua perfeição.

Embora aparentemente similares, os seres humanos ocupam hoje diferentes degraus evolutivos no caminho da perfeição. Logo, não há como falar de igualdade permanente, uma vez que partem de pontos diferentes. O que existe então é uma igualdade momentânea. Quando os seres se encontram em condições iguais, podem desfrutar, em vista disso, dos mesmos direitos e prerrogativas.