A Paz, uma das maiores aspirações humanas
Partindo da percepção do que é a paz, podemos construir conscientemente um caminho que nos leva a experimentá-la conscientemente.
Por que há tanto mal na Terra? Por que ainda temos guerras? E qual a minha responsabilidade frente ao mal que existe na Terra? Eu responsável? Como assim?
É possível conquistar a paz e a felicidade que o ser humano tanto busca na vida?
Briga no trânsito? Briga em família? Briga no trabalho? Brigas que se reiteram diariamente, e o que essas brigas têm a ver com as guerras que estão ocorrendo na Ucrânia, em Israel, etc.?
Todas estas situações que ocorrem diariamente colaboram com o mal que existe na Terra e se refletem nas guerras? O que todas as guerras têm em comum?
A Logosofia revelou-me um conceito que desvenda um dos grandes mistérios da vida humana: o homem vive onde imperam os pensamentos. É o que ensina o criador da Logosofia.
Vivo no mundo onde os pensamentos imperam? São eles que mandam em mim? Mas afinal o que são pensamentos?
Pensamentos são entidades psicológicas que nascem, desenvolvem-se na mente humana, adquirem vida própria e passam de uma mente para outra.
Então eu possuo uma mente capaz de criar pensamentos? Se todos os pensamentos fossem construtivos, passando de uma mente para outra, viveríamos a tão sonhada paz e a felicidade?
Hoje, o que se observa é que pensamentos negativos e destrutivos vêm alastrando-se como uma epidemia através de nossas mentes, a densificar o ambiente mental em que vivemos e materializando-se em guerras.
De onde vem esse mal?
Duas das grandes descobertas que fiz, logo no início do estudo logosófico, foram as surpresas que experimentei ao encontrar algo oculto nas profundezas do meu ser interno.
Uma das surpresas foi boa!
A Logosofia revelava-me que, para existir plenamente como ser humano, eu precisaria evoluir em direção à perfeição, tornando-me um verdadeiro servidor da humanidade.
Quando era criança, vivia momentos muito felizes ao colaborar de alguma forma. A vontade de ajudar era tão grande que não havia espaço para preguiça ou má vontade. Nessas recordações da infância encontrei dentro de mim a vontade de me superar e fazer o bem. Ali estava uma grande força do bem, dentro de mim!
E a outra surpresa não foi tão boa!
Descobri também um morador antigo dentro de mim. A Logosofia revelou-me a existência de um germe de despotismo, que luta para se manifestar de diversas formas e que todo ser humano carrega desde que nasce. Esse germe foi ganhando força e vida pela falta de cuidados com a vida interna. Ignorar a presença desse hóspede ingrato resultou em muitos momentos adversos, consequência direta de suas ações.
Como o germe do despotismo foi tomando espaço no meu campo mental? Através dos pequenos caprichos, impondo aos outros a minha vontade, exigindo que me obedeçam e me sirvam, querendo que o mundo gire em torno de mim, entre outras condutas.
As mentes humanas alimentam diariamente o pensamento ditador, os pensamentos de dominação e submissão, onde um tenta impor sua razão ao outro, crendo-se mais do que é e mais do que o outro. Isso gera, no âmbito individual, guerras internas que, no nível vibratório, irradiam-se no mundo mental, gerando as guerras fora de nós, até os dias de hoje.
Vou contar a grande experiência que tenho vivido. Digo grande experiência porque, para mim, era algo inimaginável resgatar o vínculo que estava totalmente perdido. Perdido por minha responsabilidade, e demorei muitos anos para reconhecer essa parte da responsabilidade que promoveu a perda de um vínculo familiar.
Cenário: briga entre irmãs.
“Isso é uma coisa normal, da idade. Isso passa, é assim…”
Não passava, e a cada ano que se passava, o cenário piorava. Os mal-entendidos iam preenchendo cada vez mais esse espaço.
Confesso que cheguei a um ponto em que já estava acostumando-me a viver afastada dessa parte da minha vida familiar, conformada de que não teria mais jeito e que a solução ficaria para uma próxima vida.
A pergunta que eu mais me fazia era o porquê Deus havia escolhido esse ser para ser minha única irmã. Não poderia ter escolhido algum outro ser?
Por que ela tinha tanta reação comigo e vice-versa? Qual era a causa que nos levava a verdadeiras guerras dentro e fora de nós mesmas?
Eu via nela, de forma muito clara, a atuação do pensamento autoritário; tudo tinha de ser do jeito dela. E, numa determinada circunstância, ela criticou-me por fazer as coisas do meu jeito.
Opa! Então temos algo em comum?! Aquele velho hóspede ingrato, criando confusão, separando-nos e promovendo verdadeiras guerras mentais: o pensamento ditador.
Demorei a reconhecer que carregava dentro de mim esse pensamento ditador e, aos poucos, fui recordando as situações em que ele se manifestava, causando feridas nos períodos mais difíceis da vida da minha irmã.
Com o tempo, passei a entender que Deus lhe havia escolhido para me dar um presente valioso: a oportunidade de enxergar o germe do mal que eu carregava, revelado através dela.
Foi graças ao anelo despertado pelo conhecimento logosófico de evoluir para servir, que experimentei durante a infância, que comecei a despertar o desejo de ser melhor. Gradualmente, reconstruí o meu conceito de mim mesma, buscando cultivar uma conduta irrepreensível.
O conhecimento logosófico proporcionou-me uma chave essencial para essa reconstrução: “O homem ama a verdade”.
Identifiquei nela um elemento comum a todos nós: a verdade é, de fato, aquilo que amamos!
Este elemento tem sido a base para o início de um profundo processo de resgate de vínculo, que tem nos unido a cada dia em que convivemos juntas. Graças à presença ainda física da mãe, que, mesmo acamada, pacientemente nos permite viver essa grande e desafiadora experiência da vida.
Desde que comecei a conviver mais com minha irmã, tenho vivido momentos incríveis, com uma lente mental mais clara. Agora consigo perceber e valorizar os fragmentos de verdade na sua conduta, algo que, até então, o “todo soberano” ditador em minha mente não me permitia enxergar. Um sonho que eu estava adiando para as próximas vidas, mas que tenho experimentado, como resposta à Lei de Correspondência, pelo meu esforço de superação e vontade de ser uma irmã e um ser humano melhor. Esses momentos felizes estão sendo gravados na minha consciência, como uma preciosa recordação.
Com esta experiência em curso, que tem promovido instantes felizes, tenho comprovado que a guerra começa na mente, e que a conquista da paz e da felicidade começa no indivíduo. São os esforços individuais, realizados em nossa mente, que promovem a tão almejada paz e a felicidade que tenho experimentado.
Bibliografia de referência:
ICL, p. 247 – Responsabilidades supremas dos homens
ICL, p.93
A Logosofia conta a respeito com duas forças poderosas que, ao unirem-se e irmanarem-se, levam o homem a cumprir as duas finalidades de sua existência: evoluir para a perfeição e constituir-se em um verdadeiro servidor da humanidade. Uma dessas forças é o conhecimento que oferece à mente humana; a outra, o afeto que ensina a realizar nos corações.
CRL, Tomo II, p. 35
O DESPOTISMO
Estudo crítico sobre a intemperança humana
Para os que estudam com profundidade a psicologia humana, pensamos não ser novidade o fato de que o germe do despotismo luta para se manifestar no homem desde seus primeiros dias, quer dizer, desde quando mal balbucia as primeiras palavras. O excesso de carinho e tolerância que, mesmo com seu pouco alcance, percebe em pais e familiares, faz com que sinta prazer em suas exigências, cada dia mais extremadas, até estas se converterem em caprichos que chegam a ser intoleráveis.
Mas a questão é que, se consideramos aquelas crianças a quem se deu uma educação mais ou menos rígida, e nas quais se combateu tal tendência até com rigor, também observaremos que esse despotismo inato se mantém latente, esperando o momento propício de se manifestar com a corda toda*, como vulgarmente se diz.
Seguindo a linha ascendente da infância até a mocidade, encontraremos o jovem que, entre os amigos, trata de impor aquilo que a seu juízo pensa ser superior ao que eles opinam, seja em ideias, seja em brincadeiras ou críticas sobre estudos ou professores.
Há que matar o ditador – CRL V
273§1 – Cada ser, desde que balbucia as primeiras palavras e começa a manifestar seus desejos, mostra com meridiana clareza a presença, dentro de si, de um ditador que se empenha em impor sua vontade, pretendendo, ao mesmo tempo, e como consequência de tão caprichosa inclinação, que todos lhe façam o gosto, isto é – para não ficar com rodeios – lhe obedeçam.
273§2 – Esse ditador, cujo nome é a soberba embebida de amor próprio, é o que mais infortúnios causa ao homem, pois a intemperança, a violência e a intransigência são a trilogia inseparável de quem leva dentro de si aquele que pretende impor aos demais sua vontade. Quando é virtualmente deslocado de seu trono, o ser recebe imediatamente os benefícios da indulgência, da razoabilidade e da compreensão. Logo começa a se dar conta de que a convivência humana exige uma mútua tolerância e uma consideração que torne digna a conduta comum.