Quem não teve muitos propósitos na vida?
Penso que todos já tivemos propósitos; alguns ficaram ao longo do caminho, outros não.
Tive vários propósitos no início da vida adulta.
Recordo-me bem do propósito de ser dono do meu próprio negócio no período em que trabalhava em uma grande instituição financeira, onde permaneci por quase 10 anos.
Formei-me em Direito e, depois de sair do emprego, uni-me a amigos e abrimos um escritório, com muito esforço.
Recordo-me também do propósito, naquela oportunidade, de constituir minha família, encontrar meu par e participar da grande experiência de educar nossos filhos.
Casei-me naquela época, justamente quando vim a conhecer a Logosofia. Logo percebi que estava diante de algo especial, de grande valor, que iria ensinar-me muitas coisas: sobre Deus, sobre quem sou eu, a minha missão na Terra, minha configuração psicológica, meus pensamentos e sentimentos, minha consciência, meu espírito.
Observei que o segredo de manter firmes os meus propósitos estava em os querer com todo o coração e de recordar também o estímulo que lhes deu origem.
Após conhecer a Logosofia, comecei a ver o mundo de outra forma e aprendi a lutar contra os pensamentos que me desviavam dos meus mais nobres propósitos.
Isso se deu diante da ampla visão do que a Logosofia apresentava. Estava então munido de conhecimentos para fixar o querer dentro de mim. A partir daí, propus-me a tornar-me um ser humano melhor, isto é, com mais paciência, tolerância, menos irritabilidade — valores que favorecem uma convivência harmoniosa.
Saber que eu posso superar-me e adquirir condições para construir o meu próprio destino foi algo novo para mim e penso que ainda é uma prerrogativa desconhecida por muitas pessoas.
Gosto de pensar que o ser é uma sucessão de seres e que almejo no futuro para mim será o resultado do que começo a realizar hoje, visando esse futuro. No caminho que vou trilhando, o esforço é fundamental, unido à valentia, à perseverança e a um firme querer.
Vejamos agora alguns exemplos de propósitos valiosos para a própria evolução, e como estão relacionados ao grande objetivo de construir uma vida melhor.
Ser dono do próprio destino
Existe o acaso? O que vivo já está escrito em um roteiro pré-definido? Ou tenho recursos concretos para obter resultados diferentes de acordo com as minhas palavras e ações?
Essas são perguntas que acompanham o ser humano há muito tempo, na busca por compreender as causas dos acontecimentos que o afetam. Questões que aparecem principalmente diante de grandes imprevistos ou obstáculos.
Claramente, não tenho o poder de controlar todas as circunstâncias que me rodeiam, nem o resultado total daquilo que me proponho fazer. Porém, se consigo fortalecer pensamentos construtivos, cultivar valores, adquirir conhecimentos e desenvolver as capacidades da minha mente e sensibilidade, posso estar mais preparado para enfrentar os desafios e tomar decisões mais acertadas.
Aos poucos, conhecendo o mundo que existe dentro de mim e dominando os seus mecanismos, tenho a chance de mudar quem sou de modo permanente.
Se sou impaciente, por exemplo, e faço esforços inteligentes para substituir essa característica pela paciência, o meu destino não será diferente? Quantas amarguras e falhas posso evitar para mim e os demais com esse tipo de transformação?
Conviver em harmonia com os demais
Seguindo a linha das qualidades, elas também têm um grande efeito na relação com o semelhante. Entre uma pessoa brusca, impulsiva e rígida, e outra flexível, suave e serena, com qual você preferiria conviver? A resposta é fácil.
O contato com outras pessoas é um dos exercícios mais enriquecedores para quem quer construir uma vida melhor. Nele, posso praticar as atitudes que quero desenvolver em mim mesmo, além de observar os erros e acertos do outro em benefício próprio.
É uma atividade presente em todas as áreas da vida: trabalho, casamento, amizades, família, colegas e a sociedade em geral. Sempre há uma oportunidade para aprender algo na interação com os demais:
Quanto mais evoluo como ser humano, mais posso ser um agente do bem na convivência, sendo mais útil e agradável aos demais. Com essa postura, posso conquistar relações mais sólidas, que permanecem ao longo do tempo.
Neste trecho, o autor da Logosofia aponta uma das tendências negativas que o ser humano deve combater nessa parte da vida:
“Em geral, cada um espera, se não tudo, pelo menos, noventa por cento dos demais, parecendo-lhe ainda muito esses dez por cento que põe de sua parte. Esta posição tão equivocada faz perder muitos afetos, muitas amizades e relações, às quais algumas vezes se seguirá vinculado, mas somente em aparência. Assim, pois, é mais conveniente que o homem ponha cem por cento de sua parte, confiando tudo, se possível, às próprias possibilidades.” Introdução ao Conhecimento Logosófico, pg. 193
Superar as próprias imperfeições
Outra posição equivocada que o ser humano tem, por padrão, é a de responsabilizar o semelhante pelos erros e enganos que ele mesmo comete. Seria por ter medo de os admitir? Por vaidade? Ou para evitar a sensação de incapacidade?
As causas variam de acordo com a pessoa. Mas é fato que a oportunidade de corrigir as próprias imperfeições é uma grande chave para uma vida mais feliz.
Afinal, cada indivíduo conta com uma série de recursos para diminuir a incidência de erros e adquirir mais aptidões!
A mente tem as funções de pensar, entender, observar, imaginar, recordar, etc. A sensibilidade permite sentir, agradecer, querer, amar, compadecer e muito mais. A vontade é o mecanismo que move as energias humanas, seja pelo estímulo ou pela necessidade.
Quanto mais conheço essas potências internas, apresentadas e descritas com detalhes pela Logosofia, mais posso usá-las conscientemente. Em consequência, desenvolvo novos valores e alcanço conhecimentos que me habilitam a ser melhor.
Aprender a pensar e realizar
Todo ser humano tem objetivos que gostaria de alcançar, mesmo que às vezes seja difícil defini-los com clareza. Mas algo ainda mais desafiador é conquistar aquilo que se propõe, porque em muitos casos a energia necessária para a realização esgota-se no meio do caminho, o que resulta no abandono de tantos projetos de bem.
Qual é a origem dessa dificuldade? A falta de confiança em si mesmo, que leva a desistir por duvidar da própria capacidade? A inconstância? A distração? O desinteresse? A falta de vontade?
A resposta a essa pergunta começa a surgir quando me dedico a conhecer com profundidade quem sou, detectando tendências e características que me acompanham repetidamente.
Nesse processo, também aprendo a desenvolver as capacidades que mencionei no trecho anterior. Passo a ter mais ideias férteis e a preservar as energias dentro de mim mesmo, para colocar os propósitos em prática, sem esmorecer diante dos obstáculos.
Concluindo
Com esse olhar, os propósitos apresentam-se para mim com uma outra dimensão, busco realizações que sejam importantes para mim e para os meus semelhantes.
De que me adiantaria esforçar para alcançar metas e ideais sem olhar à minha volta, sem considerar os vínculos que vou formando e consolidando na minha trajetória de vida?
Descobri, na busca de ser uma pessoa melhor, que cuidar da convivência com os demais para que seja saudável e feliz deveria ser um importante propósito.
Esse tem sido o meu principal propósito: pensar, superar, realizar, tendo a convivência como o grande campo experimental para que todos os meus planos tornem-se felizes realizações.
O que é ser dono do próprio destino? Como melhorar a nossa convivência? O que fazer para superar pensamentos negativos? Como pensar e realizar nossos propósitos?
Afinal, quem não cultiva dentro de si a aspiração de ser melhor e de conduzir sua vida com mais acertos e menos erros?
