É interessante observar que a palavra “sentimentos” desperta o nosso ser quando a ouvimos nos momentos em que a mente está serena. Parece que o movimento começa com uma suave vibração emitida pelo coração e que nos conduz a uma profunda meditação que une mente e coração.
Tanto os pensamentos quanto os sentimentos movimentam minha vida, e tenho observado que os pensamentos que fazem parte desse meu cenário mental superam a quantidade de sentimentos que lá se movimentam. Observo, também, que são os sentimentos que equilibram a vida, enquanto os pensamentos de natureza elevada acabam se transformando em sentimentos.
Experimento essa sensação de transformação interna do pensamento em sentimento quando vinculo uma ação comum da vida física, como, por exemplo, ler um livro, estudar e até beber um copo d’água, a um profundo sentimento de gratidão a Quem criou a água e tudo o que existe. São esses movimentos que abrem as portas do meu coração, permitindo que esses pensamentos superiores se convertam em sentimentos elevados.
A prática do conhecimento logosófico fez com que eu passasse a usar conscientemente algumas faculdades sensíveis. Tenho procurando ir às causas que as originam, como, por exemplo, quando algo me impressiona e me causa grande admiração, eis que surge em mim um sentimento de amor pelo que foi criado; ao sentir emoção diante de circunstâncias em que alguém precisa de minha ajuda, desponta o sentimento de solidariedade; quando sinto uma exigência do meu espírito, brota o sentimento de afeto.
Mas venho tomando cuidado com as causas, pois quando as esqueço, perco o controle e meus sentimentos carecem de estabilidade. Tenho levado isso a sério, aumentando minha atenção e mantendo meus sentimentos ativos, sem, porém, baixar a guarda, ou seja, sem deixar que minhas oscilações mentais ou psicológicas tirem minha tranquilidade interna.
O conhecimento logosófico põe em atividade todas as faculdades do sistema sensível, a saber: sentir, querer, amar, sofrer, compadecer, agradecer, consentir e perdoar. Tenho estudado uma a uma, para me tornar consciente de seus movimentos e utilizá-las adequadamente em suas funções construtivas.
A faculdade de sentir me faz perceber o palpitar de minha vida interior. Essa faculdade, responsável pela criação de sentimentos, agentes diretos da região sensível, atua de forma semelhante à faculdade de pensar, que, por sua vez, cria os pensamentos, que são entidades psicológicas.
Tenho manifestado a todo momento meu sentimento de gratidão pelo bem que recebo dos ensinamentos logosóficos e pelo que aprendi a sentir por mim mesmo. Tal gratidão passou a fazer parte de minha vida, pois sei que, quando sou grato, outros sentimentos se originam em mim, ampliando os alcances da sensibilidade que suaviza meu coração e me faz feliz. Esta expansão me conecta aos outros seres, vinculando-me aos sofrimentos e alegrias daqueles mais próximos da minha realidade imediata.
Portanto, quem preserva seus sentimentos de qualquer perturbação estranha, a sua sensibilidade preserva, também, sua paz interna e a felicidade que a existência deles oferece a quem os cultiva com amor e conhecimento. González Pecotche