Sempre admirei pessoas de temperamento dócil, que não se irritam facilmente e conseguem atuar com serenidade, sem que isso seja confundido com fraqueza ou passividade. Por muito tempo, acreditei que ter uma personalidade forte era uma qualidade. Levar desaforo para casa? Jamais!
A verdade é que, para mim, a mansidão era uma virtude praticamente desconhecida. A Logosofia me revelou que essa realidade é possível de ser alcançada e isso tem transformado minha vida.
Comecei a experimentar pequenas mudanças à medida que fui conseguindo prestar mais atenção a tudo o que fazia, treinando minha vigilância sobre o que se passava em minha mente e como eu reagia a toda e qualquer circunstância. Era como se eu estivesse à procura de cada parte negativa da minha psicologia, de cada rebeldia ignorada, apontando para mim mesma o que não tinha valor, o que não estava bem, para, então, começar a refletir como conquistar uma condição melhor.
Quando percebia a dureza da minha própria intolerância, especialmente quando as coisas não aconteciam exatamente como eu queria, dentro dos critérios que eu mesma impunha, passei a exercitar um pouco mais de flexibilidade. Assim, fui procurando entender o que me faltava para ser menos exigente e mais tolerante.
De mãos dadas com a tolerância, senti também a necessidade de cultivar a paciência – paciência para aprender a não ser tão severa no juízo sobre mim mesma, aceitando com mais compreensão minhas limitações e realizando um processo consciente de transformação, superando os desafios que surgem à proporção que me conheço mais verdadeiramente.
O método logosófico tem me ensinado que posso ir além das minhas condições naturais; que tenho capacidade para aprender, criar e desenvolver novas aptidões. Se me proponho a conhecer meus pensamentos e sentimentos, posso extrair valores permanentes para minha vida, frutos de um trabalho consciente e contínuo.
Despertar para tal realidade desconhecida de mim mesma tem sido um grande desafio. Desafio maior ainda é pôr em prática, constantemente, cada capacidade que vou conseguindo desenvolver, para que não seja esquecida. É como se fosse um exercício natural: manter a vontade firme para vencer as dificuldades que identifico em minha psicologia e ir além do indispensável, fazendo o que for preciso para criar uma nova individualidade.
Conhecer o que realmente existe em meu mundo interno me possibilita utilizar os valores que já possuo para eliminar a parte negativa que observo em mim. Uma pequena distração pode pôr tudo a perder. Como estou experimentando algo totalmente inédito em minha modalidade, preciso me dedicar a esse modo de ser escolhido, prestando atenção a cada detalhe, para não me enganar com falsas versões de mim mesma.
Cada um conhece suas lutas internas. Mesmo diante de condições de pressão, posso, para meu próprio bem, vencer pensamentos e atitudes que obscurecem minhas virtudes. Estou aprendendo a valorizar cada pensamento de irritabilidade ou impaciência que consigo neutralizar, assim como cada qualidade aperfeiçoada.
Aprender a ser dócil na correção dos meus defeitos, sem violência, mas com suavidade e firmeza, traz para mim um pouco da mansidão tão almejada. Aos poucos, sinto-me mais confiante e corajosa, apoiada na serenidade da paciência e da tolerância que cultivo a cada dia.
