– Preciso sair do sol! Preciso sair do sol!

Mal passava das 11 horas; havia chegado às 8 horas, já com o protetor solar aplicado. Aproveitei o sol radiante daquela manhã e naquele momento já tinha me protegido como podia: guarda-sol, camiseta, boné, toalha sobre os braços e a nuca.

Já é hábito o cuidado para não me queimar quando vou à praia. Vou cedo e procuro sombra no fim da manhã. Mesmo assim, naquele dia meu incômodo crescia à medida que subia o sol. Sentia que precisava sair dali, porém minha mente me dizia: “não há razão, você está protegido”. Ir embora não parecia razoável. Mas chegou ao ponto em que tinha a sensação de que minha pele estava queimando.

– Como é possível?! Preciso sair do sol! Preciso sair do sol!

Primeiro dia de férias. Eu, esposa e duas filhas. Sair do sol significava voltar para o hotel, e sabia que, se eu fosse, iriam todos juntos. Finalmente convenci a mim mesmo e aos demais a fazer isso. Chegando ao hotel, percebi algo que a intensa claridade anterior impedia: uma de minhas filhas com o rosto vermelho, queimado de sol. O que havia acontecido? Dei-me conta de que, ao nos aprontar, fui eu que a ajudei com o protetor solar. E não me lembrei de passar em seu rosto. Sofri ao imaginar as consequências que uma ou duas horas mais na praia poderiam ter provocado à saúde dela.

Toda essa situação fez surgir uma pergunta: haveria alguma relação entre a sensação que tive e o fato de minha filha estar correndo um risco? Recordando e refletindo, constatei que somente eu e ela poderíamos saber daquele esquecimento, pois não havia mais ninguém quando nos aprontamos. Iluminando as observações sobre o ocorrido com a luz de alguns conceitos formados com o estudo de Logosofia, cheguei a uma conclusão. Mas quais seriam esses conceitos?

Corpo, psique e espírito atuam juntos

O conceito de homem como ser biopsicoespiritual, ou seja, constituído de uma parte biológica, outra psicológica e outra espiritual, fortemente vinculadas entre si.

O conceito de espírito não como algo fenomênico, assustador ou fantasioso, mas, sim, como parte do meu próprio ser, que tem entre seus papéis o de proteger a vida e como meio pelo qual a ajuda divina chega quando necessário.

O conceito de mente como parte do equipamento psicológico humano e que tem como característica pretender analisar tudo antes de oferecer uma resposta a seu dono, buscando sempre alguma razão para suas decisões.

E qual foi, então, a conclusão? Que meu próprio espírito, sabendo daquele esquecimento e para resguardar a integridade física de minha filha, fez chegar o alerta para sair do sol. Minha mente não via um motivo razoável para isso – afinal, eu estava protegido – e determinou minha conduta a princípio.

Vendo que era necessário, o espírito insistiu no incômodo com tal intensidade que chegou a provocar a sensação de que estava me queimando, embora isso não acontecesse fisicamente. Concluí, também, que, sem a prática dos conhecimentos logosóficos, a mente teria tido a palavra final, pois eu não teria conseguido perceber ou dar atenção aos demais movimentos internos.

E foi assim que, atendendo a esse chamado espiritual, pude proteger a saúde de minha filha de graves consequências. E assim foi também que, ao refletir, pude permitir que minha mente encontrasse, enfim, a verdadeira causa por trás do que eu vivera naquela manhã.