Certo dia, estava diante de uma tarefa muito importante que me demandava mais ou menos uma hora para sua realização. Muito embora já houvesse feito trabalhos semelhantes, e soubesse da importância dessa tarefa para meu desempenho acadêmico, percebi que a falta de estímulos se apossou do meu ânimo. A preguiça me levou, involuntariamente, a navegar sem rumo pelas infinitas e deliciosas distrações das redes sociais.

Assisti a vários vídeos, vaguei por centenas de fotos, troquei algumas mensagens com amigos, visitei sites de compras e li algumas notícias. Nesta ociosidade sem fim, uma informação prendeu a minha atenção:

“O Brasil é um dos campeões mundiais em tempo de permanência na rede: o internauta brasileiro fica, em média, nove horas e 14 minutos por dia conectado, sendo que mais de 3 horas são para acessar as redes sociais”.

Cadê o tempo que estava aqui?

Quando fui verificar as horas, percebi que havia perdido mais de uma hora nas redes sociais, exatamente o tempo necessário na tarefa que me propus a fazer! Uma forte frustração me invadiu e uma sensação de ter sido enganada por mim mesma. Por que não consegui ter controle sobre a minha vontade, passando horas em um estado de irreflexão que, além de minar as minhas energias, me gerava essa sensação amarga? Fui convidada a realizar uma séria reflexão e buscar, dentro de mim, as causas que me levaram a isso.

Quem governa a minha vida? O que tenho feito para direcionar os meus pensamentos e a minha conduta para realizar os grandes objetivos que me propus? Afinal, eu sei quais são meus objetivos de vida?

Dia após dia verifico que as pessoas, assim como eu, querem ser verdadeiramente melhores e conseguir realizar todos os seus propósitos. Querem, também, elevar o sentido de suas vidas, sendo úteis a si mesmas a aos demais. Nobres objetivos! No entanto, a falta de conhecimento de si mesmo as leva ao cometimento de graves desenganos.

Não sendo capazes de governar nossa própria vida, cedemos a terceiros, à internet, às redes sociais, e até mesmo ao acaso, a nobre tarefa de controlar o próprio tempo que deveria servir aos fins de aperfeiçoamento. Não seria por isso que tantos compartilham a sensação amarga de falta de controle sobre a própria vida? Reclamam que lhes faltam tempo para tudo, que se sentem pressionados por isso e por aquilo…

Temos presenciado o avanço desproporcional da tecnologia em relação ao avanço das possibilidades mentais do homem. E esses mesmos avanços tecnológicos, em contato com mentes humanas indefesas e suscetíveis a qualquer distração, podem escravizá-las, sujeitando-as à ditadura dos pensamentos que reinam no ambiente mental da internet.

Encontrando o ponto de equilíbrio

Instagram, Facebook, YouTube, WhatsApp, Twitter… Todos podem ser benéficos de alguma forma, mas desde que eu os utilize sabendo, primeiro, controlar os pensamentos em mim. Quando consigo identificar essas forças que me levam a fazer o que faço, e o que a elas interessam, posso ser verdadeiramente livre para utilizar as redes, e não ser utilizado por elas. Qual o pensamento por trás de ficar horas a fio internada na internet? Qual a sua intenção? A quem eles servem?

Conhecer e ter controle sobre os pensamentos que influenciam diretamente a minha vida é possibilitar a orientação serena, confiante e segura do meu destino. Conhecendo a mim mesma, cada dia mais, busco utilizar cada instante para superar-me, onde quer que eu esteja, desde que consiga observar com atenção o que se passa dentro de mim.

O resultado disso é uma sensação única de haver utilizado bem o tempo, de haver cumprido um dos propósitos da minha existência: superar-me conscientemente. Nessa perspectiva, até mesmo as redes sociais poderiam servir ao governo da minha vida, desde que eu seja consciente da realidade interna que tenho que governar.