Todos gostamos de receber elogios, seja de quem for: dos pais, avós, do chefe, do marido, da esposa, dos filhos, dos funcionários da empresa, dos amigos…  

Com certeza, quando recebemos um elogio, nos sentimos mais confiantes, felizes e, muitas vezes, despertamos em nós a vontade de corresponder às expectativas de quem nos prestou a deferência. 

Será que existe uma medida certa para fazer um elogio? 

Se sim, qual é essa medida? 

Se não, cabe aqui outra pergunta: elogio em excesso pode causar prejuízos? 

Recebi muitos elogios na infância, enaltecendo o fato de eu ser uma criança que gostava de fazer as coisas de forma independente. Considero que trouxe em minha herança a condição de aprender as coisas com facilidade e querer fazer tudo por mim mesma. Aliás, isso é bem natural com as crianças, pois muitas já demonstram essa habilidade desde cedo e, na maior parte das vezes, é algo bastante positivo. 

Em casa, eu estava sempre ativa, resolvendo os pequenos problemas. Meus pais sempre diziam: essa menina dá conta, não precisa de ajuda, faz tudo sozinha! Fui crescendo ouvindo essas palavras, e elas calaram fundo em mim. Meus pais diziam isso com as melhores intenções, possivelmente para que eu continuasse a desenvolver-me nesse sentido.  

O resultado disso, na minha vida adulta, foi que me tornei uma pessoa independente e proativa, o que sempre considerei positivo. No entanto, quando iniciei meus estudos de Logosofia, percebi o lado negativo: um grande prejuízo causado pelos elogios exagerados. Eles alimentaram o desenvolvimento de duas deficiências: a vaidade e a indiferença. 

Identifiquei a vaidade em pensamentos de autossuficiência, como: se consigo fazer sozinha, todos devem conseguir fazer. Observei, também, o pensamento da indiferença, ao constatar que não surgia naturalmente em mim a predisposição para ajudar aos demais.  

E a vida me reservou grandes surpresas! Em determinado período, vivi muitas dificuldades. Ao analisar as situações, percebi que, se tivesse pedido ajuda aos demais, teria cometido menos erros, pois, com mais mentes pensando, teria encontrado soluções mais eficazes. Eu não queria ajuda porque o temor de que meu conceito fosse diminuído diante dos outros era muito forte.  Quantas oportunidades perdi ao não me colocar à disposição dos demais para os ajudar em suas dificuldades!  

Estou aprendendo com a Logosofia a cultivar a humildade, a pedir ajuda aos semelhantes em situações simples do meu dia a dia e sempre que esgoto minha capacidade de encontrar uma solução para algum problema. E quantos seres bondosos tenho encontrado pelo caminho…  

Em correspondência à bondade e generosidade de tantas pessoas para comigo, têm surgido naturalmente em mim o sentimento de gratidão pelo bem recebido e a vontade de ajudar aos demais. 

Então, voltando à pergunta inicial: será que existe uma medida certa para fazer elogios? 

Ao analisar essa experiência que relatei, extraí o seguinte conhecimento: não existe uma medida certa para fazer elogios, e podemos, sim, elogiar, mas elogiar somente o esforço realizado na conquista de algo.  Ao elogiar o esforço, evitamos o erro de inflar a personalidade, e o elogiado não alimenta as deficiências que possivelmente já trouxe em sua herança individual ou aquelas que surgirem como fruto dos erros cometidos pelos responsáveis, por falta de conhecimento. 

Esse é um cuidado que devemos ter e realizá-lo conscientemente, ao ajudar os seres que estiverem sob a nossa responsabilidade, para que, no futuro, não precisem realizar um trabalho hercúleo, combatendo deficiências arraigadas em sua psicologia desde a infância.