A evolução do homem frente a de outras espécies:

Certa vez, resolvi comparar a evolução do homem na Terra com a de outras espécies. Detive-me nos felinos, já que nessa espécie se encontra o leão, a quem costumamos chamar de rei dos animais. Contudo, esse rei não protagonizou nenhuma história ou feito que mereça ser registrado, a não ser por ser uma fera temida. Um leão nasce leão e morre leão, tudo o que pode fazer é lutar por sua sobrevivência e a de sua alcateia. E isso se repete desde que temos notícias de sua presença no mundo.

Se voltarmos para o homem, veremos uma trajetória bem diferente. Desde a pré-história aos dias atuais, ela é marcada por grandes realizações. Uma das primeiras foi o domínio do fogo, depois a invenção da roda, seguida do domínio da agricultura, a capacidade de forjar metais… Não é preciso ir mais longe para perceber a diferença.

Se a evolução é uma lei, como já foi demonstrado por muitos estudiosos, não é menos verdade que ela parece se manifestar de modo desigual para o homem, e a prova está no exemplo que acabamos de oferecer. Fato é que o homem consegue, por meio do conhecimento, superar suas próprias limitações e promover mudanças em sua vida por determinação própria. Estamos falando naturalmente do homem civilizado, pois é esse homem o que consegue usufruir dos benefícios de sua conquista. Aqui vale uma ressalva, pois se trata da contribuição de poucos para que muitos possam se servir delas. 

O homem contemporâneo:

O que fazer com tudo isso que ele conquistou?

O tempo começa a sobrar para esse homem que parece que não sabe o que fazer da vida. E nesse momento ele se depara com uma dura realidade: para quê tudo isso, se no final estará na mesma condição do leão: um rei que não sabe o que é e nem por que veio a este mundo. E, por não saber, põe-se a inventar coisas para se distrair.

  • Para quê veio o homem a este mundo? O fato de ser capaz de formular essa pergunta não é mais uma evidência de que ele é diferente dos animais? 
  • E o que promove essa indagação dentro dele? Não seria mais uma evidência da necessidade que ele tem de buscar o saber? 

Eu também sinto essa necessidade de saber. E ela se manifesta de várias formas. Uma delas é a de saber por que eu sou como sou, de querer conhecer a mim mesmo. Observo as demais pessoas de meu convívio mais próximo e vejo como elas diferem de mim, como pensam e agem de outra forma em muitas situações. Seus gostos, costumes e preferências muitas vezes não tem nada a ver com os meus, e aqui não estou me referindo a pessoas estranhas a mim , pois vejo essas diferenças em meus próprios familiares! Isso me deixa mais inquieto ainda. 

  • Como pode o homem viver em sociedade sendo seus indivíduos tão diferentes entre si? 

O ser humano como protótipo de uma espécie:

Há uma série de conceitos que aprendemos desde pequenos e que utilizamos em nossa vida sem perceber. Os conceitos podem ser a expressão de um conhecimento ou de uma realidade observada; podem ser também a expressão de um costume, isto é, algo que sendo admitido por todos faz parte de uma compreensão comum. No primeiro caso, podemos falar que encontramos água nos rios, lagos e mares, e todos irão concordar conosco, uma vez que esse conceito está amparado por uma realidade observada e conhecida de todos. Porém, se eu for dirigir na Inglaterra, poderei cometer um acidente por estar acostumado a dirigir na faixa da direita, enquanto eles usam a faixa da esquerda.

É inegável a importância dos conceitos para a nossa vida, já que eles determinam a forma como compreendemos o mundo e orientam a nossa conduta.

O grande desafio que se apresenta para o homem contemporâneo está em determinar quais conceitos ele deverá adotar para favorecer a sua evolução. Se, por um lado, aprendemos muitas coisas que nos permitem viver com segurança e conforto em relação às intempéries do mundo natural, ainda nos falta compreender melhor o que de fato caracteriza o ser humano como protótipo de uma espécie diferenciada das demais.