Ainda bem jovem, encontrei o que procurava desde muito novinha. Deparei-me com a concepção da existência de um mundo interno que eu deveria investigar e explorar para alcançar as conquistas que almejava: ter mais satisfação na vida e construir a pessoa que eu queria ser. Foi o início de uma grande transformação do meu mundo e, junto a ele, os mundos nos quais estou inserida – social, familiar, profissional etc.
Começo a entender que a construção de um novo mundo nasce no íntimo de cada indivíduo. Cabe a cada um esforçar-se para realizar essa mudança primeiro em si mesmo. Mas como transformar o mundo a partir de si mesmo? Digo a você: existe em nós um vasto mundo interno à espera do nosso olhar. Quando nos dispomos a explorá-lo e a transformá-lo, damos início a um dos mais lindos e desafiadores processos que o homem pode realizar: modificar o mundo à sua volta a partir de si mesmo.
Aos poucos, fui descobrindo algumas respostas, enquanto novas perguntas surgiam. Ainda assim, a angústia diminuiu, pois o caminho para respondê-las – que compreendo ser o mais difícil de encontrar – eu já havia descoberto.
Seria preciso organizar minha mente, repleta de pensamentos que apenas ocupavam espaço e sugavam minhas energias, substituindo-os por aqueles que me favoreceriam.
Em várias situações, eu quis melhorar o ambiente em que estava, mas esperava que a mudança viesse do outro. Aprendi, porém, que posso melhorar a mim mesma – e essa atitude é capaz de transformar um ambiente. À medida que vou descobrindo, em realidade, quem sou, esforço-me por realizar os ajustes e modificações necessários para ser quem quero ser. Dessa forma, torno-me alguém que colabora positivamente com o mundo em que está inserida e estimula os que estão ao meu redor, pelo exemplo e pela correspondência, a também se tornarem melhores.
Sou do interior e mudei-me para Belo Horizonte para dar sequência aos meus estudos. Morava sozinha e, depois de alguns anos, minha irmã passou a morar comigo. Eu não estava preparada para aquela realidade. Não a recebi de bom grado e, por mais estranho que pareça, sentia que minha irmã era uma estranha na minha própria casa.
Logo no início de nossa convivência, ela, ainda mal adaptada ao novo ambiente, e eu, reagindo a várias de suas atitudes e comportamentos que, no meu julgamento, não estavam de acordo com o que eu queria, vivíamos em conflito: eu brigava com ela, e ela apenas escutava.
Com o passar do tempo, ela, já mais adaptada, começou a rebater minhas críticas e queixas – e as discussões começaram. A convivência foi se tornando muito difícil, e percebi que a situação estava ficando insustentável. Que família era aquela?
Depois de algum tempo refletindo e buscando uma solução, compreendi que era preciso, primeiramente, fazer a minha parte. Eu também cometia erros em nossa convivência.
Com os conhecimentos que fui adquirindo por meio da Logosofia, o processo de mudança acelerou bastante, porque eu sentia um forte estímulo em melhorar a mim mesma. Com o tempo, pude observar algo maravilhoso: minha irmã, por correspondência ao meu exemplo, passou também a melhorar em diversos aspectos, e eu passei a ser mais compreensiva com os erros, já que, no exercício de me superar, também encontrava grandes dificuldades.
A transformação daquele pequeno mundo realizava-se a partir da superação do meu mundo interno – do cultivo da bondade e da esperança de que todos nós, seres humanos, podemos ser melhores a cada dia.
