Agora que já tivemos contato com o conceito de deficiências psicológicas, com a técnica de enfrentamento e a classificação dessas deficiências, ou melhor, esses “inimigos que temos dentro“, é chegada a hora de as combater.
O autor da Logosofia ensina na página 18 do livro “Deficiências e Propensões do Ser Humano” que uma deficiência psicológica pode ser substituída por uma antideficiência, ou seja, por um pensamento mais eficiente do que aquele que se tinha anteriormente, e que este atuará como um recurso no caminho de neutralizar uma deficiência psicológica:
“O pensamento específico que selecionamos para conferir-lhe a missão de opor-se a determinada deficiência. Sob seu influxo, a vontade se fortifica e atua sobre a inteligência, instando-a a realizar movimentos mentais tendentes a anular o despotismo que o pensamento-deficiência exerce sobre os mecanismos mental, sensível e espiritual do homem.”
Então, depois de detectar qual minha maior deficiência psicológica (a mais evidente dentre aquelas da primeira classificação), eu devo aplicar um pensamento bom, mais eficiente, no lugar daquele ruim, isto é, da deficiência psicológica identificada. O mais interessante dessa manobra mental é que cada um pode criar a sua própria estratégia, com base no que já conhece de si mesmo, usando dos meios que mais domina para vencer esses pensamentos deficientes da psicologia. É justamente essa característica que faz o método Logosófico ser adaptável a cada psicologia.
Para que os resultados sejam maximizados, sugiro que trabalhe agora com as deficiências psicológicas que integram o primeiro grupo, o das “dominantes maiores”. E mais: sugiro também que você escolha apenas uma delas para esse primeiro experimento; opte por aquela que mais lhe incomoda, a que lhe causa os maiores “danos”.
Você se recorda de como fazemos isso? É por meio da observação interna, quando olhamos para aquilo que existe dentro do próprio mundo mental. No tópico “Técnica para enfrentar as deficiências psicológicas” vimos que o primeiro passo é identificar e isolar o pensamento que está incomodando ou, se for esse o caso, a sua ação já praticada e que provocou o dano indesejado. É esse o caminho do primeiro passo, com o intuito de identificar qual deficiência está atuando ou que atuou.
Para exemplificar como se pode vencer uma deficiência psicológica, vou escolher uma que identifico como “dominante maior” em minha vida: a impulsividade. Para a ciência logosófica, essa é uma deficiência psicológica que se materializa na vida por meio de “um ato irrefletido do ser humano”.
Observei que tal deficiência aparece em mim quando estou em um ambiente propenso ao consumo, como em um shopping ou até mesmo em um free shop no aeroporto. Esse é um aspecto importante se se quer vencer um pensamento: identificar em que circunstâncias ele se apresenta com maior frequência, para se antecipar às suas sugestões perniciosas, evitando assim, com o auxílio da atenção e da consciência, os “atos irrefletidos” que não quero realizar.
Para que fique ainda mais evidente a aplicação da técnica, vou explicar qual foi a minha estratégia e como usei da “contenção” (antideficiência para a impulsividade) para atuar de maneira assertiva, frente ao meu propósito de superação.
Certa vez, eu estava no free shop de um aeroporto procurando “lembrancinhas” para comprar para minha mãe e minha avó. Naquela circunstância, percebi com o auxílio da atenção que os pensamentos começaram a extrapolar minha vontade, o meu propósito inicial (os presentes para a mãe e a avó), quando comecei a desejar outros produtos que não eram para elas e que, naquele momento, não atendiam ao meu propósito de comprar apenas “lembranças”. Foi então que, identificado o pensamento impulsivo, fazendo uso da observação interna, adotei como estratégia sair daquele ambiente. Percebi naquela hora que o fato de eu estar rodeada de muitas lojas e produtos promocionais fazia com que os pensamentos de consumo debilitassem a minha fortaleza interna, facilitando assim a ação daqueles pensamentos de impulsividade.
Essa foi a estratégia que adotei para aquele momento, mas isso não significa que eu sempre tenha que adotar essa manobra (sair de dentro da loja, ou não frequentar shoppings e afins) para conter uma deficiência psicológica. Absolutamente não. No entanto, para aquele momento específico, naquela circunstância, foi o que decidi fazer para vencer um pensamento diverso e preservar o meu propósito.
O fato de eu estar em outro ambiente que não fosse rodeado de lojas e produtos de todo tipo ajudou com que eu pudesse serenar a mente, estabelecer uma ordem nos pensamentos e, já consciente outra vez, permitiu que eu recordasse qual era a minha vontade inicial para aquele momento: comprar apenas uma recordação para minha mãe e avó.
Depois de estar com a mente serena e com os pensamentos em ordem outra vez, tendo os meus objetivos bem estabelecidos, senti-me forte, como se nada à minha volta me pudesse abalar. Entendo que essa confiança em mim mesma seja o resultado da aplicação consciente da antideficiência “contenção”, eu dominando uma reação indesejada.
Pude voltar ao free shop já protegida, sem ficar à mercê do ataque daquela “fera” — a impulsividade. Por fim, consegui o que queria! Atuei conforme a minha própria vontade e mantive o meu propósito inicial.
Até aqui você já identificou alguma deficiência do primeiro grupo (dominantes maiores)? Escolheu a que mais lhe incomoda? Já sabe em que circunstâncias ela costuma apresentar-se a você? Conhece sua antideficiência? Tem uma estratégia já pensada para ser aplicada quando ela surgir no seu dia a dia?
Na página 29 do livro a que estamos nos referindo, Pecotche lista as antideficiências que podem ser usadas para combater os “inimigos que temos dentro”. Mas atenção: não se trata apenas de identificar e substituir o pensamento deficiente uma única vez. Evoluir conscientemente requer constância nesse exercício (identificar, isolar, conter e substituir a deficiência por uma antideficiência). Esses “pensamentos de bem” devem ser cultivados dentro da mente diversas vezes para que ganhem força, surjam em seu socorro de um modo reflexo, até que, por fim, tornem-se numa virtude sua.
O resultado de todo esse esforço é recompensador. Você observará nascer dentro de si um sentimento de plenitude, de realização e de verdadeira felicidade, que será, inclusive, perceptível por todos aqueles com quem convive.
Para conhecer mais experiências de estudantes de Logosofia, confira o vídeo abaixo que aborda a deficiência psicológica da “rigidez”.