Qual o seu conceito de Deus? Para quem me lê, Sua existência é uma realidade? Se sim, pode comprovar a Sua existência? Se não, pode comprovar a sua inexistência?
Apesar de não negar a existência de um Criador, não encontrava muita lógica no conceito de Deus que até ali me tinha sido ensinado, já que não aceitava muito bem a forma como se explicava Sua ação, castigando uns e poupando outros que, a meu ver, em alguns casos, mereciam muito mais sofrer alguma sanção do que os primeiros. E quando questionava isto, sempre me diziam que o que tinha ocorrido era a vontade de Deus, fosse ela qual fosse. Explicados desta forma os fatos, mais me parecia que não havia muito critério em Suas atuações.
Diria que me encontrava um tanto perdido, pois sentia que não podia negar a existência de Deus, mas também não aceitava aquela imagem que me era apresentada. Com o correr da vida, deixei de me preocupar constantemente com Deus, mas de vez em quando as reações se acirravam, principalmente quando, para explicar algo incompreensível, o velho chavão era mencionado: é a vontade de Deus.
Quando conheci a Logosofia, me foi apresentado um novo conceito, no qual Deus era, sim, o Criador de tudo, mas Sua vontade se manifestava através de leis universais que regiam todo o universo.
Imediatamente, chamou-me a atenção a relação entre o Criador e a existência de leis que expressassem Sua vontade. Isto significava que, se existiam leis, então havia justiça, e logo a imagem de um deus sem critérios caiu por terra, porque vi que era o meu conceito que estava equivocado.
Também me foi apresentado um ensinamento do livro “O Senhor de Sándara”, que afirma: “… se a Criação que nos rodeia e da qual fazemos parte não é por si só o suficientemente eloquente para persuadir o homem de que a existência de Deus é inegável, menos poderá ser a palavra de um semelhante, por mais que se empenhe em demonstrá-lo”. Para mim, tal elemento foi o bastante para eliminar de vez qualquer dúvida que tivesse a respeito, e consolidar a sensação interna que já tinha de Sua existência. Acabava de ser apresentado a uma lógica inquestionável que revelava a existência de Deus!
Bem, mas o que fazer agora que tinha tomado contato com a existência de um Criador justo e real? Como conhecê-Lo? Sim, porque a primeira reflexão que me ocorreu foi a de querer conhecer Quem me criou, já que faço parte dessa Criação maravilhosa que integramos e nos rodeia. E a este Criador, algo internamente me movia a querer conhecer.
Logo fui convidado a começar um processo de conhecimento de mim mesmo e me foi evidenciado que à medida que fosse me conhecendo, estaria também conhecendo o meu próprio Criador. Para mim, fez todo sentido! E para você, caro leitor?
Ocorreu-me na ocasião uma analogia, que me ajudou a esclarecer esta proposta. Vamos supor que quisesse conhecer algum pintor famoso que não mais estivesse entre nós. Seria possível? E a resposta é sim! Isto seria possível justamente através do conhecimento profundo de sua obra, e é o que estamos fazendo, quando começamos o processo de conhecimento de si mesmo.
Iniciei este processo e à medida que fui me conhecendo, fui percebendo a relação que existia com o próprio Criador. Comecei descobrindo que tinha uma mente com um potencial criador que desconhecia, e logo estabeleci contato com um dos ensinamentos logosóficos que revela que antes do Verbo, havia a Mente, ou seja, antes de a Criação se manifestar como uma realidade no plano físico, já existia na mente do Criador. Analogamente, sabemos que o ser humano também foi dotado de uma mente habilitada a criar e que também sua criação, que pode ser uma obra de arte, um edifício ou qualquer coisa, antes de se manifestar no plano físico, igualmente existe primeiro em sua mente. Pois bem, olhando à minha volta, era fácil ver como o ser humano, usando tal prerrogativa, criou tantas coisas e continua criando. Mas, me perguntei, seria só isso que eu poderia criar?
Ah, por acaso alguém está pensando em poder criar um universo? Afinal, se temos mente, não é mesmo? Bem, guardadas as devidas proporções entre a nossa mente e a do Criador, diria que antes de pensarmos em criar um universo, que tal começar por penetrar no universo que existe dentro de cada um de nós e conhecer nosso próprio mundo interno?
Logo que me dediquei a buscar conhecer este mundo, me deparei com uma realidade que me surpreendeu e encantou. Neste mundo que antes desconhecia, haviam muitos pensamentos e sentimentos com os quais guiava minha vida, mesmo sem ter consciência disso. E utilizando as faculdades da minha inteligência, às quais tinha sido recentemente apresentado e que eram prerrogativas da minha própria mente, dei início a um processo de seleção dos melhores pensamentos e sentimentos que queria que permanecessem habitando este mundo.
À medida que avançava, fui percebendo a relação que havia entre o poder criador do homem e o Criador, pois o que estava realizando era justamente a criação de um novo ser, agora forjado por mim mesmo, utilizando as ferramentas que me foram dadas por Deus para poder exercer esta prerrogativa, ou seja, utilizando as faculdades mentais que conferiam à mente o poder de criar, como as de pensar, refletir, imaginar, etc.
Na realização deste processo, também foi-se despertando uma maior capacidade de percepção que me permitiu identificar a presença do Criador em toda a Sua Criação, regendo os processos precisos que permitiam, por exemplo, que de uma semente brotasse uma árvore; de um ovo nascesse uma nova vida; do fruto da união entre dois seres nascesse um novo ser, que em pouco tempo se tornaria totalmente independente daqueles que o haviam gerado. E me surpreendi ao começar a captar uma interligação entre tudo o que existia, que nunca antes pudera perceber.
Quanto mais continuo a pensar neste tema, mais reflexões acorrem a minha mente, que encontro dificuldades em selecioná-las, para continuar a transmitir uma parte da imagem em formação que hoje tenho de Deus.
Então, para não me estender demasiadamente e correr o risco de cansar o leitor, vou concluir com o que mais me impressionou ao começar a forjar Sua imagem. Esta forte impressão se fez presente quando fui apresentado à possibilidade de conhecer, amar e respeitar o autor da Criação, ou seja, me vi diante de um Deus que não estava oculto ao ser humano, que não arbitrava caprichosamente sobre isto ou aquilo, mas um Criador do qual podia ir me aproximando por meio do conhecimento, e isto me fez recordar de meu pai, ao qual somente pude realmente conhecer, amar e respeitar de forma consciente, à medida que fui me conhecendo e vendo, em minha vida, o quanto ele sempre estava presente.
Então, o que acha de começar um processo para desfrutar desta grande possibilidade que está aberta a todo ser humano?
Ensinamento: SS 457 § 5